Esse texto foi originalmente um relato verbal, uma fala para ser recitada e decorada pelos primeiros discípulos de Buda, de forma a que pudessem transmitir os ensinamentos para os que vieram depois. A data em que a narrativa oral finalmente foi passada para o papel é incerta. Sabe-se apenas que o primeiro texto escrito sobre o budismo surgiu somente após duzentos anos da “grande extinção” do Buda, ocorrida no ano de 483 antes de Cristo.
O mérito dessa obra ter chegado ao ocidente cabe a Thomas William Rhys Davids (1843-1922), fundador da Pali Text Society em Londres, 1881. O texto, originalmente escrito em pali (uma variante do sânscrito), narra os últimos dias e ensinamentos do Buda. A narrativa é complementada por extensas notas acadêmicas que fazem o contexto histórico das personalidades e locais citados e também discutem pontos polêmicos na tradução do original.
O livro é fascinante sob vários aspectos. Para o aprendiz do budismo, constitui um tesouro sem igual. Para o buscador espiritual, um nutritivo alimento. Para o estudioso da cultura e das línguas orientais, uma rica fonte de conhecimento. O fascínio maior, certamente, é o vívido relato dos momentos finais do Buda na terra. Durante a leitura, me senti parte do cortejo que acompanhou o Sublime em sua última peregrinação e pôde ouvir as suas derradeiras palavras:
“Retende bem estas palavras, ó monges: A decadência é inerente a todas as coisas compostas! Trabalhai com empenho por vossa salvação!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário