segunda-feira, 26 de março de 2012

QUANTO VALE A MINHA ARTE? - Elenilson Nascimento

Elenilson Nascimento escreve sobre a difícil sina de ser artista nesse país de mentiras. Num texto forte e sem lamentos, o autor de “Clandestinos” se diz cansado de ter que "escrever de graça"e ainda ter que comparecer "cheio de dentes na boca" em lançamentos de livros. “Pop é o popular fabricado em escala industrial. Acabou-se o tempo de boemia, da poesia, da educação, do bom gosto. Hoje, privilegia-se os ascos em série e milionários. Quem são os heróis dessa juventude? Ex-BBBs, cantores ridículos de qualquer gênero, jogadores de futebol, aquele que roubou direito e colocou a grana na cueca, o pastor que ilude os frequentadores da sua igreja e ainda consegue faturar em cima da ignorância dos outros. O curioso é que essa é mais uma unanimidade burra, como diria Nelson Rodrigues, que o homem médio criou para, logo em seguida, cair numa contradição: não, ele não valoriza mesmo a arte — e tampouco está disposto a pagar por ela —, mas ele aprecia depreciando a arte. Deu para entender? Funciona assim: basta achar um cretino, ordinário e burro, que faça uma arte de graça e convencê-lo a trabalhar em troca de “divulgação”.E foi exatamente isso que me propuseram ontem, numa reunião numa dessas fundações de cultura da vida. E a ideia era que eu entregasse um livro até o fim do ano, com no mínimo 300 páginas, e com uma história passada na Bahia, num enredo cheio de sexo, baianidade e muita felação, para em trocar o nosso governo do Estado colocar a sua marca e ainda dizer que patrocinou – agora tem... tem... tem... – cultura de um autor impertinente e talentoso, no caso, eu.”

>>> clique aqui e confira o texto completo <<<

fonte: LC, 20/03/12

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...