terça-feira, 17 de abril de 2012

ALÉM DO CAIR DA NOITE – Arthur C. Clarke & Gregory Benford


Tudo começou com “Contra o Cair da Noite”, que foi a primeira história publicada de Arthur C. Clarke. O título foi retirado de um poema de A. E. Housman, que diz:

“O que devo fazer ou escrever
Contra o cair da noite?”

Curiosamente, “O Cair da Noite” é também o título de uma das histórias mais famosas de outro grande autor de ficção científica, Isaac Asimov. Só que em inglês os títulos ficam menos parecidos, com o “Nightfall” de Asimov e o “The Fall of Night” de Clarke. Mas não deixa de ser interessante a coincidência.

Essa primeira história de Clarke fez bastante sucesso, e tempos depois o autor retomou a mesma temática no romance “A Cidade e as Estrelas” (“The City and the Stars”).

Tempos e tempos depois, mais de meio século após a publicação de “Contra o Cair da Noite”, o escritor Gregory Benford propôs reescrever e ampliar a história original de Clarke. O resultado é esse livro, “Além do Cair da Noite” (“Beyond the Fall of Night” no original).

De todas essas histórias, a única que eu li mesmo foi a última. Por isso não me sinto tão à vontade para fazer uma avaliação mais completa, como eu gostaria. O livro é dividido em duas partes. Basta dizer que eu amei a primeira e detestei a segunda!

A história se passa em um futuro inimaginavelmente distante, papo de um bilhão de anos ou mais. Confesso que tive dificuldades em aceitar essa premissa, o que revelou (para mim mesmo) minha descrença na capacidade da espécie humana de durar tanto. Ainda assim, o futuro concebido por Clarke (possivelmente com adições de Benford) é instigante e arrebatador. Muitos conceitos são apresentados de forma brilhante, conceitos que dão margem a muitas especulações e filosofias... um exemplo claro do alto patamar que pode ser alcançado pela ficção científica.

Mas na segunda parte, infelizmente, o caldo entorna, e o que era virtude se transforma em defeito. Li com raiva de uma história tão boa ter se transformado nisso.

O melhor exemplo que me ocorreu só fará sentido para os fãs de quadrinhos. Alan Moore, o genial roteirista inglês, teve uma passagem marcante pela revista do Monstro do Pântano, que de um personagem de segunda foi alçado ao primeiro time e ainda além, trazendo grandes inovações como até as questões ambientais que passaram a ser tratadas nas histórias. Depois que Moore saiu, os roteiristas que o substituíram bem que tentaram manter aquele climão mágico, mas o resultado foi um pastiche chatésimo, que nem era “chiclete” como as outras histórias de herói, e tampouco era “cabeça” como as histórias da fase de Moore. Ou seja, ficou no meio termo.

E assim foi com essa segunda parte de “Além do Cair da Noite”: não é nem barro, nem tijolo.

Mesmo sem ter lido, recomendo antes a história original.

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