Creio que em um futuro próximo esse livro será considerado com a mesma importância que o “Discurso do Método” de Descartes – como a obra inaugural e definitiva de um novo paradigma em ciência. Chega a dar vertigem pensar no tamanho da revolução anunciada por “A Janela Visionária”. Quem viver, verá.
Basta dizer que praticamente tudo o que aprendemos na escola está ultrapassado. A visão mecanicista do mundo teve sua época e sua importância na caminhada da humanidade, mas agora não passa de um conhecimento mofado e até mesmo perigoso, pois uma das consequências mais terríveis do pensamento cartesiano foi a ascensão da civilização tecnológica e do capitalismo predatório, nefasta combinação que coloca em risco a nossa própria sobrevivência no planeta.
Vivemos hoje um momento único em termos de mudança de paradigma, comparável somente à transição do geocentrismo para o heliocentrismo. Imagine o choque de nossos antepassados quando tiveram que tirar a Terra do centro do universo. Não foi fácil aceitar essa mudança, e inclusive muita gente boa foi parar na fogueira por causa disso. Hoje, igualmente, o novo modelo mete medo a muita gente, e ainda há encarniçados defensores do materialismo que adorariam poder voltar aos tempos da Inquisição para fazer calar vozes como a de Amit Goswami.
Pois uma coisa é certa nessa nova era regida pelo Princípio da Incerteza: a casa do materialismo caiu! Viva! Viva! Viva!, a aurora dos novos tempos. Sou feliz por ser uma testemunha dessa transição tão profunda na história da humanidade. Pode parecer que estou exagerando, mas na verdade minha verve é pequena para celebrar a importância dessa mudança. Só mesmo lendo “A Janela Visionária”.
O livro é dividido em três partes. Na primeira, “O Salto Quântico”, somos apresentados às principais descobertas da física quântica e ao modo como essas descobertas corroem pela base os dogmas da ciência convencional: determinismo causal, continuidade, localidade, objetividade forte, epifenomenalismo, monismo materialista e reducionismo.
Só por aí já dá para se ter idéia de que a leitura demanda uma boa dose de atenção e concentração. Não por uma dificuldade no estilo do autor, que aliás escreve muito bem e com grande clareza. Os temas de que ele trata é que são mesmo complexos. Da primeira vez que peguei para ler, abandonei o livro nessa primeira parte, pois não estava conseguindo entender grandes coisas. Sorte que sou perseverante!
Na segunda parte, “A Nova Cosmologia”, os esforços do leitor são regiamente recompensados. Goswami mergulha fundo nas possibilidades do novo paradigma quântico em diversas áreas da ciência. É um deslumbrante passeio que escancara os portões do futuro, e enche de entusiasmo e esperança o coração dos sonhadores. A humanidade há de alcançar o seu grandioso destino!
Na parte três, “A Criatividade na Ciência e na Espiritualidade”, Goswami vai bem além do que fez o pioneiro Fritjof Capra em seu “Tao da Física” ao relacionar as descobertas da física quântica com os milenares conhecimentos da tradição espiritual, principalmente do Oriente. Nesse ponto me senti favorecido pelos estudos em yoga, pois já estava familiarizado com vários dos conceitos abordados.
O texto é finalizado com um capítulo que se tornou o subtítulo do livro: “Um Guia para a Iluminação por um Físico Quântico”. Só posso dizer que o autor entrega o que promete!!!
Como curiosidade, resta dizer que o Dr. Amit Goswami, autoridade mundialmente respeitada em física quântica, é um dos simpáticos entrevistados no filme “Quem Somos Nós”.
Pretendo ler de novo daqui a algum tempo.
“Dizer que o mundo é pecado é denegrir a Deus, porque o mundo não é externo a Deus, externo à consciência; ele é o jogo da consciência. E dizer e acreditar que nós não passamos de matéria é estagnar-se nas limitações da uniformidade condicionada. Ambas as abordagens são polarizadoras, e ambas excluem a criatividade, se levadas ao extremo. É por isso que as religiões exotéricas se tornam, às vezes, moribundas; sem criatividade, o retorno à plenitude é impossível.”
“Misticismo não é um sistema de crenças; é um sistema de transformação fundado no ‘veja com seus próprios olhos’.”
“(...) a Cabala, que, de acordo com vários pensadores, fornece a base mística do judaísmo – e, portanto, de todas as religiões judeu-cristãs -, aceita a validade da reencarnação, em seu conceito do gilgul – estar na roda (cármica). E, recentemente, os filósofos vêm discutindo se o conceito cristão de purgatório não seria inteiramente coerente com a reeencarnação (MacGreggor 1992). Por fim, hoje muitos concordam que a rejeição da reencarnação pela igreja cristã, ocorrida numa época tão tardia como o século V, foi essencialmente uma questão política (Bache 1990).”
“Existe uma diferença capital entre os ramos exotérico e esotérico da religião. A finalidade superior das religiões exotéricas é amar e servir a Deus, e por isso essas tradições ensinam princípios éticos e morais. O objetivo das religiões esotéricas é tornar-se Deus; elas ensinam como tornar-se alguém capaz de viver genuinamente a ética ensinada nas tradições exotéricas. As religiões exotéricas utilizam a culpa (no Ocidente) e a vergonha (no Oriente) para levar as pessoas à ética, com um sucesso apenas limitado. A prece, que faz parte de todas as religiões exotéricas, funciona melhor, mas é freqüentemente utilizada de um modo egocêntrico que contribui pouco para a transformação espiritual. Em contraste, todas as tradições esotéricas concentram-se em métodos de transformação. Em outras palavras, as religiões esotéricas enfatizam a criatividade interior.
A verdade é que é muito difícil comprometer-se com valores derivados da experiência de outra pessoa. Mesmo assim, o exoterismo baseia-se fortemente nessas prescrições; seja bom porque Jesus mandou. O esoterismo requer criatividade interior, empregando métodos que nos levam à descoberta, na prática, do fundamento dos princípios éticos. Nessa abordagem transformadora, a ação ética se torna a maneira natural e óbvia como alguém desejaria viver.”
“Existe amor numa relação de hierarquia simples? Se você já esteve numa relação dessas, você sabe a resposta. Não existe. A hierarquia simples estabelece condições antitéticas ao amor: você me dá sexo e eu sustento você, e assim por diante. O verdadeiro amor é incondicional e de hierarquia entrelaçada: os dois parceiros precisam estar em iguais condições na interação causal. Mas o ego é de hierarquia simples; ele é o chefão, em todos os seus relacionamentos. É impossível, portanto, amar incondicionalmente quando nos identificamos com nosso ego. A bhakti yoga, a prática do amor e da devoção incondicionais, é uma afronta ao ego.”
“Por que a grande revelação da turiya [consciência em si mesma – a ‘iluminação’] é o fim de toda busca? Quando você sabe a verdade de que você é a base de todo o ser, você sabe também que o mundo é um epifenômeno, que o ego não é sua identidade – e, com isso, a identificação com ele pode desaparecer. Quando você conhece diretamente o seu eu como aquele que conhece aquilo que é conhecido e o campo do conhecimento, qual é o atrativo de uma maior cognição em seu estado comum de consciência do ego, ou mesmo nos elevados estados do samadhi [êxtase místico]? Com isso, a identificação com o ego pode desaparecer. Quando você se aninha, junto com todos os seres sensíveis, num amor ilimitado, onde está a necessidade egóica de buscar amor num relacionamento em particular? Não há lugar para isso, e o ego se dissolve no oceano eterno do amor. Quando a ação adequada flui sem esforço, por que se identificar com o limitado livre-arbítrio do ego?”
UAU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
“Nós (...) podemos a qualquer momento conhecer a verdade e ser libertados. Para a maioria de nós, no entanto, conhecer a verdade é parte de um longo processo de criatividade interior, e isso leva tempo. Conhecer a verdade é algo que está sempre além da intelectualização, livre de todas as idéias sobre ela; e é sempre uma revelação súbita, mesmo quando realizada com a ajuda de outra pessoa, ou das escrituras.”
“Antes da iluminação, eu cortava madeira e transportava água; depois da iluminação, eu corto madeira e transporto água.” (provérbio zen)
“P: Quando você diria que começa o estágio um do caminho espiritual?
R: O estágio um começa quando você descobre, ou reconhece, que você é infeliz. Isso não é pouca coisa. É uma autodescoberta muito importante, porque várias distrações que nós temos hoje em dia tornam mais fácil varrer qualquer infelicidade para baixo do tapete. Mas vem um momento em que fazer isso deixa de funcionar.”
em busca da felicidade
ResponderExcluiruaaaau²²!
ResponderExcluirestou louco pra ler este livro!
tenho a mente inquieta que busca algo. esse livro pode ser um passo a mais.