quarta-feira, 4 de abril de 2012

JÚLIO CÉSAR – William Shakespeare



Já fazia um bom tempo que eu não me deleitava com uma das obras imortais do Bardo. Ao término da leitura, só posso dizer que me sinto renovado! O contato com o gênio faz bem para a mente, para o corpo e para a alma.

O tema dessa peça é um dos acontecimentos cruciais na história do império romano, que foi o assassinato de Júlio César. A história por si só é repleta dos elementos que compõem uma boa trama: conspirações, lutas pelo poder, incríveis sonhos e presságios carregados de significado, alianças, traições e batalhas. Imagine isso tudo nas mãos de mestre Shakespeare!

Como sempre, é possível perceber questões profundamente humanas saltando das páginas. A inveja é a principal delas. Por ter sido alçado acima de todos os homens, recebendo inclusive honrarias que antes eram destinadas apenas para os deuses, Júlio César tornou-se vítima desse nocivo sentimento, ao mesmo tempo tão odioso e tão humano.

Há também outras questões. Uma que chama a atenção, pela sutileza com que foi abordada, é a questão do poder. Júlio César foi assassinado por estar perigosamente acumulando poderes, o que ameaçava a república romana. É sempre muito perigoso quando o poder está concentrado nas mãos de um só ou de poucos, aí estão as incontáveis ditaduras e tiranias para provar isso. A solução parece ser a democracia, certo? Talvez não seja tão simples... É aí que o Bardo mostra seu gênio, em uma cena que mostra de forma brilhante a fragilidade da democracia. Após a morte de César, dois oradores disputam a opinião do povo. E a massa segue a fala mais bonita, e muda rapidamente de idéia, e se deixa ser facilmente manipulada. Qualquer semelhança com eleições no século XXI não será mera coincidência...



Outra marca de Shakespeare são as frases de impacto, algumas delas tão repetidas ao longo dos séculos que acabam virando chavões. “Júlio César” não poderia ser diferente:

“Os covardes morrem muitas vezes antes de morrer. O homem de valor só morre uma vez.”
(César, Ato II, Cena II)

“O meu coração tem pena que a virtude não possa viver fora dos dentes da inveja.”
(Artemidoro, Ato II, Cena II)

“Até tu, Bruto? Morre então, César!”
(César, Ato III, Cena I)

“Aquele que diminui vinte anos à sua vida, diminui também vinte anos de medo à morte.”
(Casca, Ato III, Cena I)

“O mal que os homens fazem vive depois deles. O bem que puderam fazer permanece quase sempre enterrado com os seus ossos.”
(Antonio, Ato III, Cena II)

“Nas coisas humanas há uma certa maré em que, se se aproveita o fluxo, somos levados à fortuna e se se despreza, a viagem da vida segue por entre escolhos e naufrágios.”
(Bruto, Ato IV, Cena III)

“Não sei bem porquê, mas parece-me covarde e vil abreviar o termo da vida. Armar-me-ei de paciência para esperar a sentença providencial das potências superiores que neste mundo nos governam.”
(Bruto, Ato V, Cena II)

Para encerrar, só posso dizer que sinto muito orgulho em pertencer à mesma espécie que William Shakespeare: a raça humana, capaz não somente de tantos horrores, como também de maravilhosos prodígios.

Viva Shakespeare!!!


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