A primeira vez que Vinícius de Moraes viu Gessy Gesse foi numa pizzaria no Leblon, no Rio, em 1969. Ele, carioca, já era um dos maiores poetas brasileiros e um dos pais da Bossa Nova. Ela, atriz do Cinema Novo baiano, estava na companhia da cantora Maria Bethânia e de outros conterrâneos que moravam na capital carioca - confira essa história também no documentário "Vinícius", de Miguel Faria Jr.
Depois de receber um recado (*que guarda até hoje) com o número do telefone de Vinícius, Gessy ouviu de Bethânia: “O poeta está apaixonado por você”. Esperto, Vinícius combinou com todos que estavam à mesa com a atriz que, aos poucos, saíssem do restaurante e deixassem Gessy sozinha. E foi assim que ele, aos 56 anos, conquistou a bonita morena de 31, de ascendência índia e portuguesa.
Essa história de amor com Gessy começou com Vinicius ainda casado com Cristina Gurjão, grávida de cinco meses e abandonada pelo poeta, encantado pela baiana Gessy, que se tornou sua sétima mulher.
Em 1969, Vinicius e Gessy se casam no Uruguai e, em 1973, na Bahia, em um ritual cigano, e não em uma cerimônia no terreiro de Mãe Menininha de Gantois, como muitos pensam. Após o casamento, Vinícius decidiu construir a "famosa" casa em Itapuã. As obras foram iniciadas em 1974, com projeto de Jamison Pedra e Sílvio Robatto. O cômodo mais singular da casa de seis quartos era o banheiro da suíte do poeta com banheira com vista para o mar.
REVOLTA - A sétima mulher de Vinícius conta que, na última década de vida, ele optou por uma produção mais popular porque estava cansado do meio intelectual e se revoltava com a velhice. Tanto quanto a poesia e a música, as paixões fulminantes, nas quais mergulhava de corpo e alma, marcaram a vida de Vinícius de Moraes, o grande parceiro de Tom Jobim.
Vinícius casou-se nove vezes. As paixões duraram, como diz seu verso, o tempo de a chama se apagar. O casamento mais resistente foi com Beatriz Azevedo de Mello, sua primeira mulher. Durou onze anos. O mais curto acabou em menos de um ano. Foi com Cristina Gurjão, a sexta esposa.
O mais público e explosivo relacionamento de Vinícius, com a Gesse Gessy, a sétima, produziu levas de comentários maldosos enquanto durou – de 1970 a 1976. Os amigos acusaram a atriz, quase trinta anos mais jovem, de, literalmente, carregar Vinícius para a Bahia, iniciá-lo no candomblé, afastá-lo das “boas companhias” e encaminhá-lo para uma muito criticada veia de criação popularesca.
Hoje com 73 anos, Gesse, produtora cultural em Salvador, conta sua versão em uma biografia ainda sem título que deve lançar até o fim do ano. Ela nega responsabilidade pelas mudanças na vida ou na personalidade de Vinícius, “o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão”, segundo dizia Carlos Drummond de Andrade.
Entre histórias inéditas da vida do casal, Gesse afirma que foi ele quem propôs que se mudassem para a Bahia. Queria se afastar do Rio de Janeiro para se recuperar de três episódios dramáticos: a perda da mãe, em 1968, a expulsão do Itamaraty, no ano seguinte, e, pouco depois, a tumultuada separação de Cristina Gurjão.
Segundo Gesse, o “branco mais preto do Brasil, na linha direta de Xangô” (como se apresenta no "Samba da Bênção") era agnóstico e nunca pisou em um terreiro de candomblé. No golpe definitivo na imagem do grande pensador enfeitiçado por sua musa, a ex-mulher conta que ele se afastou dos versos mais eruditos simplesmente porque estava “cansado” dos intelectuais que o cercavam.
fonte: Comendo Livros
Coisa mais linda o que foi postado aqui. Parabéns Elenilson!
ResponderExcluirAdorei a resenha!!! Parabéns Elenilson! (2)
ResponderExcluiroi, vim retribuir a visita, li sobre Vinicius e me espantei com sua facilidade em entregar-se às paixões, puxa! pensei eu, nove casamentos! bjs e bom fim de semana!
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