segunda-feira, 23 de abril de 2012

VISITANTE NOTURNO – Gillian White



Ela é inglesa, é escritora, escreve sobre mortes misteriosas e me deixou grudado no livro da primeira à última página. E ela não é Agatha Christie!

Gillian White foi uma excelente surpresa. A sua excelência, a meu ver, deve-se a três fatores:

1) Uma mente engenhosa, capaz de conceber terríveis perversidades;

2) Um estilo marcante, que logo seduz o leitor e

3) Um completo domínio da narrativa.

Exatamente como nossa querida Agatha!

É claro que a comparação com a Rainha não é total. Para começar, “Visitante Noturno” (“Night Visitor” no original) nem pode ser considerado um romance policial propriamente dito. É mais adequada a descrição utilizada pelos editores do livro: “um thriller sinistro”.

E bota sinistro nisso!

A contracapa traz uma ótima sinopse:

“O início da vida de Rose foi tão marcado por tragédias, que ela depende de seu marido, Michael, para prover o amor e a estabilidade de que sua família precisa. Tudo o que Rose pede de Michael é completa fidelidade, e quando ela tem motivos para duvidar dele acaba engendrando uma terrível vingança.

“Michael planejou uma viagem de aniversário para Veneza, mas quando eles experimentam as vistas da mais romântica das cidades, Rose é torturada por um ciúme secreto. Quando eles retornam, Michael está seriamente doente – mas não tão doente que não possa reconhecer o fato de que algo realmente pavoroso aconteceu com ele.

“Neste arrepiante romance Gillian White explora a mais destrutiva das fraquezas humanas – o ciúme.”


Esse livro conseguiu me capturar como há um bom tempo não acontecia. O suspense da história é conduzido magistralmente. Vale mencionar o recurso de colocar um dos personagens como “protagonista” a cada capítulo, mostrando a ação a partir desse personagem, a partir de seus pensamentos e sentimentos íntimos. Um desdobramento desse recurso e que também funcionou otimamente foi a interessante mescla de ações, falas e pensamentos que compõe a narrativa. Gillian White não deixa dúvidas de que sabe escrever muito bem!

Outro fator de grande fascínio é o climão de “tragédia grega” que impregna toda a história. Não creio que isso tenha sido por acaso, mas por deliberado capricho de Gillian White. A sua obra é uma verdadeira tragédia moderna, recheada de sofrimentos familiares que são ótimas oportunidades para a catarse. Além disso, a trama também é abundante em reconhecimentos e reviravoltas, conforme ensinado pelo filósofo Aristóteles em seu manual “A Poética”.

(para mais informações sobre tragédia grega, reconhecimentos, reviravoltas e “A Poética”, vide a resenha de MacBeth, aqui mesmo em nossa comunidade)

O único senão que faço é que o final fica um pouco abaixo do elevado padrão alcançado no restante do livro. A excessiva sede por reviravoltas prejudica um pouco a verossimilhança. Mas, enfim!  O prazer durante a leitura compensa de sobra a pequena frustração de ter que reconhecer que o livro não é perfeito. Ainda assim, recomendadíssimo.

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