terça-feira, 5 de junho de 2012

PREDADOR – Jack Olsen



O livro conta a história verídica de Steve Titus, que em 1981 foi injustamente condenado por estupro, em Seattle, Estados Unidos. Algumas infelizes coincidências levaram a polícia a suspeitar dele: ele dirigia um carro similar ao descrito pela vítima, e o número da placa era parecido. Ele também usava barba. Isso bastou para que ele fosse detido, julgado e condenado por estupro.

E teria ficado por isso mesmo, não fosse por Paul Henderson, um repórter do Times de Seattle. Ele acreditou na inocência de Titus e decidiu investigar. O resultado de seu trabalho foi um prêmio Pulizter.

O livro é também uma biografia não-autorizada do “Predador” (“Predator” no original), epíteto dado por Jack Olsen ao verdadeiro criminoso, um homem que cometeu dezenas de estupros durante anos sem ser detectado. Por questões legais, suponho, o autor tratou o criminoso por um pseudônimo, Mac Smith. Ele e outras pessoas envolvidas na história tiveram seus nomes alterados “no interesse de uma verdade maior”.

Em minha opinião, essa verdade foi bem servida. A história foi escrita com muita habilidade, é bem dosada e possui um excelente ritmo. Jack Olsen demonstra que leu e aprendeu bastante com o genial “A Canção do Carrasco” de Norman Mailer.

Gostei bastante de ler esse livro, que é muito eloquente ao descrever o absurdo essencial do sistema que ironicamente tem o nome de “Justiça”. Coisa de louco!

E por falar em loucura, outro aprendizado que apreciei bastante foi a respeito da personalidade do sociopata. O livro inclui até mesmo trechos de laudos psiquiátricos do tal do Mac Smith. Uma coisa que me chamou a atenção foi a seguinte: uma das características do sociopata é que ele busca a gratificação imediata sem dar importância às consequências futuras de suas ações. Fiquei pensando se a sociopatia não seria um grau extremado de uma “doença” comum à toda espécie, uma deficiência de todos nós. Pois é uma característica essencialmente humana esse impulso para obter o prazer imediato, e que se danem as consequências. Talvez essa doença exista, a sociopatia, para nos fazer compreender algo fundamental em relação a nós mesmos.

Uma história de crime real que acabou virando uma narrativa instigante e envolvente. Muito bom o livro.

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