quarta-feira, 4 de julho de 2012

A CABANA – William P. Young



Um livro que vale a pena ser lido!

Há frases lindas e alguns insights verdadeiramente memoráveis!

Tive aprendizado em muitos níveis: como pessoa, como buscador espiritual, como leitor, como escritor.

Ler esse livro me fez pensar o seguinte: assim como existem bons livros e bons escritores, também existem bons leitores.

Ao ler um bom livro, a única garantia que se tem é essa: você está lendo um bom livro. Pode-se aprender com ele ou não. Quando se é um bom leitor, no entanto, nenhuma leitura jamais será desperdiçada, pois o aprendizado e o crescimento estarão sempre acessíveis. O bom leitor transforma toda leitura em um bom livro.

Não que “A Cabana” seja um livro ruim, muito pelo contrário! É um livro muito bem escrito e com uma proposta muito interessante e útil para a humanidade.

Acontece que o livro destina-se a um público muito específico: o norte-americano típico, também conhecido como WASP (branco, anglo-saxão e protestante). Como eu não sou nada disso, tive algumas dificuldades de “tradução”, especialmente em algumas interpretações mais literais da Bíblia. Por isso, confesso, quase parei a leitura no meio.

Graças a queridos amigos e também à sincronicidade, vi que deveria continuar a leitura até o fim. E valeu muito a pena!

O aprendizado do escritor ficou por conta dessa árdua tarefa que é escrever para o máximo de pessoas, nivelando a mensagem (ainda que para um público específico, é imenso, a grande maioria da população dos Estados Unidos). E a prova do grande êxito do autor foi justamente o sucesso que o livro vem fazendo no Brasil, por exemplo, onde a realidade social e religiosa é bem diferente.

No entanto, o que aprendi mais foi justamente sobre o que não gostei, o que considerei pequenas “traições” do autor, traições à mensagem que ele se propôs a passar. Uma delas, a mais marcante, foi colocar na boca do próprio Deus um comentário desmerecedor a respeito de uma teoria de Nietzsche. Achei errado isso, uma apropriação indébita, pois que triste seria Deus se ele tivesse que refutar Nietzsche!!!!!

Mesmo sem concordar com algumas afirmações do livro, o saldo final foi mais que positivo.

Gostei!


Trechos do livro:

“Rotineiramente desqualificamos testemunhos e exigimos comprovação. Isto é, estamos tão convencidos da justeza de nosso julgamento que invalidamos provas que não se ajustem a ele. Nada que mereça ser chamado de verdade pode ser alcançado por esses meios.”

A MORTE DE ADÃO – Marilynne Robinson

Citado em

A CABANA – William P. Young

“Há ocasiões em que optamos por acreditar em algo que normalmente seria considerado absolutamente irracional. Isso não significa que seja mesmo irracional, mas certamente não é racional. Talvez exista a supra-racionalidade:  a razão além das definições normais dos fatos ou da lógica baseada em dados. Algo que só faz sentido se você puder ver uma imagem maior da realidade. Talvez seja aí que a fé se encaixe.”

“- A escuridão esconde o verdadeiro tamanho dos medos, das mentiras e dos arrependimentos – explicou Jesus. – A verdade é que eles são mais sombra do que realidade, por isso parecem maiores no escuro. Quando a luz brilha nos lugares onde eles vivem no seu interior, você começa a ver o que são realmente.”

“- Por que vocês nos amam, os humanos? Eu acho... - Percebeu que não havia formulado bem a pergunta. - Acho que o que eu quero perguntar é: por que vocês me amam, quando não tenho nada para lhes oferecer?
- Pense um pouco nisso, Mack - respondeu Jesus. - Você não experimenta uma forte sensação de liberdade ao saber que não pode nos oferecer nada, pelo menos nada capaz de acrescentar ou diminuir o que somos? Isso deve trazer um grande alívio, porque elimina qualquer exigência de comportamento.”

SHOW!!!!

“- A religião usa a lei para ganhar força e controlar as pessoas de que
precisa para sobreviver.”


“Agora Papai falou:
- Querido, eu nunca tive expectativas com relação a você nem a
ninguém. A idéia por trás disso exige que alguém não saiba o futuro ou
o resultado e esteja tentando controlar o comportamento do outro
para chegar ao resultado desejado. Os humanos tentam esse controle
principalmente por meio das expectativas. Eu o conheço e sei tudo
sobre você. Por que teria uma expectativa diferente daquilo que já sei?
Seria idiotice. E, além disso, como não a tenho, vocês nunca me
desapontam.”

“- Só diga em voz alta. Há poder no que meus filhos declaram.”

“- Ah, filho - disse Papai com ternura. - Jamais desconsidere a maravilha das suas lágrimas. Elas podem ser águas curativas e uma fonte de alegria. Algumas vezes são as melhores palavras que o coração pode falar.”

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