domingo, 1 de julho de 2012

I CHING – O Livro das Mutações



Dedicado à querida amiga Bia Machado, que por um comentário fortuito me inspirou a escrever esta resenha.

História do Futuro

É atribuída ao sábio chinês Confúcio a afirmação de que “o homem é um animal que anda de costas”. Isso porque ordinariamente o homem só consegue enxergar o que ficou para trás, ou seja: o passado.

Vislumbrar o futuro, então, transporta o homem para além de sua condição ordinária. Ele torna-se o “homem superior”, termo bastante utilizado nas traduções em português do I Ching.

Pois é isso, grosso modo, a que se propõe o Livro das Mutações. Ele responde suas perguntas. E como a maioria de nossas perguntas relaciona-se com o futuro (pois afinal podemos enxergar o passado, mas não modificá-lo, enquanto que o futuro é o contrário: podemos mudar, mas não enxergamos)... então o I Ching é um livro que mostra o futuro.


Confúcio

O nome “Confúcio” (551 a.C. – 479 a.C.) é uma latinização de Kung-Fu-Tse, algo como “Mestre Kung”.

O nome de Confúcio está bastante associado ao I Ching, pois foi ele quem redigiu o julgamento dos 64 hexagramas ou capítulos que compõem o I Ching.

É bem conhecida uma frase dele a respeito do Livro das Mutações. Já estava Confúcio ao fim da vida, quando teria dito algo como: “se me fossem dados mais cinquenta anos, dedicaria todos ao estudo do I Ching.”

É famoso também o episódio segundo o qual houve uma única vez que o sábio Confúcio discordou de uma resposta do I Ching. O livro havia apontado uma falha de caráter que Confúcio não conseguia admitir.

Por uma louvável discrição, mas que em nada contribui para saciar nossa curiosidade, em nenhum dos textos que li sobre o I Ching encontrei explicitado que falha de caráter era essa rararara!!!

Mas o livro é bem mais antigo que o célebre sábio chinês.

Beeeem mais antigo... papo de quatro, cinco mil anos.

Havia também nos primórdios a prática de consultar o I Ching no casco da tartaruga... O casco era colocado no fogo, e as rachaduras criadas eram a base para a interpretação.

Fu Hsi (ou Fu Shi) foi quem organizou nos 64 hexagramas.

O Rei Wen, durante os dois anos em que esteve preso, dedicou-se a escrever a interpretação das imagens dos hexagramas. Esse texto é normalmente chamado de "imagem". Depois o filho do Rei Wen continuou sua obra e escreveu a interpretação das linhas móveis.

Muito tempo depois foi a vez de Confúcio escrever o "julgamento".

Durante o reinado do Imperador Amarelo houve a ordem de queimar todos os livros. Pouquíssimos se salvaram, dentre eles o I Ching.

Isso tudo faz do I Ching um dos livros mais antigos (se não o mais antigo) que chegaram até nós.

Essa questão do He Tu me fascina imensamente!!! Imagine uma máquina construída há milhares de anos e capaz de ler o futuro!!!



PARA CONSULTAR O I CHING - MOEDAS

O método mais usado atualmente é o das moedas. Existe a moeda própria para o I Ching, muito bonita aliás! Mas o Livro pode ser consultado com qualquer moeda. Já consultei o I Ching até com três tampinhas de cerveja!

É atribuído um valor para cada lado ou face da moeda: 2 e 3.

Em seguida jogamos as três moedas. Só é possível obter quatro resultados, pela soma dos valores das moedas: 6, 7, 8 ou 9. Cada resultado corresponde a um tipo de linha:

6 - linha yin móvel -x-
7 - linha yang fixa ---
8 - linha yin fixa - -
9 - linha yang móvel -0-

Note-se que em sua essência o I Ching é um sistema binário! Yin e Yang é o mesmo que 0 e 1!!!

A linha móvel é a linha que "envelhece" e por isso muda, transforma-se em seu oposto. Então a linha yin com o passar do tempo vira yang e vice-versa. É nesse ponto que o I Ching transcende o mero sistema binário e se converte em um "organismo vivo"!!!



AS VARETAS DE MILEFÓLIO

Tradicionalmente existe o método das varetas para consultar o I Ching.

Eu nunca vi uma vareta de milefólio, que é uma planta comum na China. Por isso costumava jogar com espetinhos de churrasco rarara!!!

As moedas são uma espécie de versão "fast food" da consulta com varetas, que tem um ritual complexo e vagaroso. Leva-se em média 40 minutos para fazer uma consulta. Com a moeda levamos apenas 1 minuto!

São 50 varetas. Primeiro incensamos as varetas, para purificação. Em seguida separamos uma vareta e a colocamos à parte. Ela simboliza o homem diante do Cosmo!!!

Com as 49 restantes vamos jogando o I Ching. É um ritual muito bonito e por si só muito benéfico. Pois só vamos consultar o I Ching dessa forma tão trabalhosa e demorada para responder uma pergunta realmente importante! E por outro lado, o próprio tempo que levamos para consultar ajuda a situar bem a questão que estamos colocando, ajuda a enxergar melhor possíveis soluções.



O MÉTODO DA FLOR DE AMEIXEIRA x JUNG

Existe ainda um outro método para se consultar o I Ching: sem varetas, sem moedas, sem nada!

Simplesmente através da observação da natureza!!!

Parece coisa de doido, mas há uma lógica esplendorosa que vai se revelando à medida que nos aprofundamos no I Ching.

A mente ocidental que mais fundo mergulhou no Livro das Mutações foi a de Carl Gustav Jung.

Ele escreveu um célebre prefácio à tradução de Wilhem, uma das primeiras para o ocidente.

Esse prefácio foi escrito quando Jung tinha 88 anos, ou seja, no topo de sua maturidade, no apogeu de sua brilhante caminhada como decifrador de símbolos.

Esse prefácio de Jung é simplesmente uma das coisas mais lindas que já li na vida! Altissimamente recomendado!

Bom, na essência, Jung vê no I Ching uma comprovação da sincronicidade, uma lei que está presente em tudo!

Por isso é possível "ler" o I Ching diretamente na própria natureza!


O EXEMPLO DE UM AMIGO

Tenho um amigo que se dedicou a estudar seriamente o I Ching e que muito me ajudou em minha busca.

Ele é considerado superdotado por seu QI elevado, é realmente uma pessoa muito inteligente.

Ele fez um curso avançado de I Ching na Sociedade Taoista do Brasil.

Foram duas as provas de graduação.

Primeiro ele fez previsões sobre o panorama político na época. E acertou, prevendo a eleição de Lula e algumas características de seu governo.

E a segunda prova foi bem interessante. O professor perguntou:

O que trago dentro dessa mochila? Você só pode usar o I Ching para responder.

E não é que meu amigo acertou???

Isso é só para dar um exemplo do poder do I Ching, que tenho verificado em minha própria vida com muita alegria!!!

O próprio I Ching acaba sendo considerado como um ser "vivo" por aqueles que o estudam, sendo inclusive sendo chamado de "irmão mais velho", justamente por se parecer com alguém que é bem mais sábio do que nós e deseja o nosso bem através de bons conselhos (mas que também dá uma boa puxada de orelha quando precisamos).

É um livro como nenhum outro, o I Ching!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...