sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Pequeno Príncipe



Não sei quantos livros li em minha vida. Nunca contei. Falo isso porque há quem conte e ainda tenha a paciência de cadastrar tudo em sites afins. Já fui leitor compulsivo. Hoje, sou mais moderado. Considero algumas obras como extremamente relevantes em minha vida, pois me acrescentaram algo permanentemente ou me fizeram mudar pontos de vista sobre vários aspectos da vida. Acho que ler Machado de Assis na adolescência me ensinou a me colocar no lugar do outro e, assim, tentar compreendê-lo um pouco. Já mais maduro, foi O Jogo das Contas de Vidro de Hermann Hesse que me impulsionou a buscar algo semelhante ao que os "peregrinos do oriente" tentaram alcançar; e José Servo - o personagem central do romance - tornou-se, para mim, a figura mais emblemática da literatura ocidental. Umberto Eco reforçou minha busca pela erudição, mesmo enquanto uma mera capa de verniz; conhecimento nunca é demais e sua busca vale a pena, nos engradecendo. Luís Fernando Veríssimo me fez compreender que "humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo" (Ludwig Wittgenstein).

A lista de bons autores, em minha vida, é longa. Vou me limitar aos acima citados e falar logo do que quero. As más línguas dizem que candidatas a concurso de Miss (seja qual for) leem apenas um livro: O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry. Isso porque, sempre que perguntadas sobre qual o melhor livro já lido, a obra deste escritor e piloto de guerra era quase unanimidade em todos as respostas.

Essa pequena obra é importante para mim. Diferentemente de muita gente, só a li na fase "adulta" de minha vida. Não sei o porquê. Realmente, nunca me interessei, de plano, em pegar o livro para ler. Lia tanta obra "madura" na adolescência: livros volumosos e, para alguns, até "complexos". E deixava de lado O Pequeno Príncipe, conquanto gostasse da animação exibida pelo canal SBT, sempre tocante (às vezes, deprimente!). Foi um colega de faculdade que me emprestou o livro. Eu tinha, então, dezessete anos de idade. Que obra simples, dinâmica e inteligente! Não preciso, aqui, resenhar a história. Todo mundo que estiver lendo esta postagem deve conhecê-la. Nem vou citar suas frases famosas que enfeitam blog e perfis de redes sociais. Afinal, até Saint-Exupéry deve ter "coisas" quando citam por aí que "O essencial é invisível aos olhos". Mas confesso que utilizei uma citação do livro em minha monografia de graduação, sobre tema de Direito Constitucional. O trecho é o seguinte, e reflete bem princípios jurídicos conhecidos como da "razoabilidade" e da "proporcionalidade": "É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar  - replicou o rei. – A autoridade se baseia na razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance no mar, todos se rebelarão. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis".

Fiquei tão instigado pelo livro que o comprei na mesma semana. Já presentei com ele. E fui além: comecei a comprar outras edições. Assim, comprei o mini livro, com texto integral em ótima fonte e espaçamento para leitura, bem como o formato grande com ilustrações (as aquarelas do autor) em pop-up. Também queria a edição comemorativa em capa dura. Mas tive que dar um "breque" nessa ânsia. Autocontrole. Não podia acabar me tornando aquela espécie de "aficionado maluco", como Mel Gibson no filme Teoria da Conspiração, que não pode ver uma edição de O Apanhador no Campo de Centeio e vai logo comprando.

A edição mais famosa, no Brasil, sem dúvidas, é a da Agir, que já editou a obra em outros formatos. A edição com pop-up é da Ediouro e merece elogio pela excelente trabalho executado no refinado parque gráfico chinês. Entretanto, é bom destacar que a Agir nada mais é do que uma ramificação da própria Ediouro. Esta, aliás, entrou no Guinness Book pela sua edição do maior livro de O Pequeno Príncipe do mundo (2,0m x 1,5m), vendido a R$ 40.000,00. Já o livrinho é da coleção "Mini Books", do selo peruano Los Libros Mas Pequeños del Mundo. Fiquei realmente surpreso com a qualidade do "mini" e a facilidade de leitura.

Às vezes me pergunto se o livro (além do mini) já foi editado em nosso País por outra editora que não aEdiouro/Agir. Não tenho certeza, mas parece que o grupo francês Gallimard já publicou a obra em português para o Brasil.

Aqui em casa, reforçando a mania, ainda ostento uma caneca de café Tok&Stok estampada com uma aquarela do livro e o DVD do magnífico musical da década de '70, estrelado pela dançarino Bob Fosse e Gene Wilde, o eterno Willy Wonka dos cinemas. E, agora, chega. Gosto da obra mas já tá de bom tamanho!






  • Kleiton Gonçalves é autor do Blog do Neófito e esta é sua quinta contribuição a este excelente espaço.
  • As imagens acima podem ser acessadas em maior resolução.


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