O SEGREDO DE CHIMNEYS – Agatha Christie

Existe uma bela metáfora para as boas coisas da vida que ganhou a Internet recentemente: viver é como comer jabuticabas. Inicialmente, quando há muitas pela frente, vamos comendo sofregamente, sem muita atenção para o que estamos fazendo. À medida que as jabuticabas vão rareando, contudo, começamos a saborear com mais cuidado e concentração cada pequena fruta que chega a nossos lábios. Por isso apreciamos muito mais intensamente o prazer e a alegria de comer uma jabuticaba justamente quando elas estão acabando!

Essa metáfora vale para tudo de bom na vida, então aplica-se também a Agatha Christie!

Posso dizer que li esse livro no momento mais propício. Pois quase não me restam mais livros da Dama por ler e, assim, saboreei intensamente a leitura, que em outros tempos provavelmente teria me desagradado.

A trama é aventuresca e ingênua, totalmente inverossímil e repleta de coincidências forçadas. E nem por isso deixa de ser divertida!!! Mas sem dúvida recomendo esse livro para quem tiver lido um mínimo de quarenta livros da Rainha! Quem ainda estiver cheio de “jabuticabas” pela frente, que vá se empanturrar com “O Assassinato de Roger Acroyd”, “O Caso dos Dez Negrinhos”, “O Misterioso Caso de Styles”, “Cai o Pano” e “A Casa Torta”! “O Segredo de Chimneys” é só para os “true fans”!!!

A história mistura espionagem e mistério policial, sempre de uma forma leve e suave. Herdeiros do trono em um país imaginário, documentos comprometedores, jóias roubadas e escondidas em passagens secretas, organizações criminosas são os ingredientes, e o cenário é a majestosa propriedade de Chimneys, mais aristocrata e britânica impossível.

O livro foi escrito em 1925, ou seja, um dos primeiros escritos por Agatha Christie. O que não explica a trama meio frouxa, pois um dos melhores livros da Rainha foi justamente o seu primogênito “O Misterioso Caso de Styles”, de 1920. De modo geral, li com grande prazer essa aventura. Só não gostei mesmo foi das manifestações explícitas de racismo e implícitas de esnobismo. Mas acho que estou sensível a esses temas ultimamente. Nada que atrapalhe o amor de um verdadeiro fã.