quarta-feira, 4 de julho de 2012

OPERAÇÃO CAVALO DE TRÓIA – J. J. Benítez



Coloco em tópicos minhas principais impressões:

* É evidente um paralelismo com “O Código Da Vinci” de Dan Brown, obra publicada 19 anos depois de “Operação Cavalo de Tróia”. Me parece que Dan Brown aprendeu muito com J. J. Benítez, levou adiante seu “legado”, aprimorou suas fórmulas e truques.

* Uma simetria às avessas: Benítez jurou que sua história era verdadeira... e ninguém acreditou. Brown garantiu que a sua era pura ficção... e todo mundo levou a sério!

* No intervalo de tempo entre as duas obras, a surpresa foi perceber o quanto o mundo mudou! Tive a impressão de que a ideia de Benítez de afirmar que sua história aconteceu mesmo foi um subterfúgio que o permitiu publicar seu livro e escapar da censura! Se ele tivesse admitido em 1984 que sua obra era ficção, creio que não teria sido publicada em muitos países. No Brasil, por exemplo, o filme “Je Vous Salue Marie” foi censurado em 1985. Como relato “verídico”, no entanto, o esperto Benítez obrigou seus possíveis perseguidores religiosos a se concentrarem em desmentir a veracidade da história... e com isso eles esqueceram de tentar censurá-la, como teriam feito se desde o início a obra fosse admitida como sendo ficção (pois seria considerada falta de respeito).

* Já com “O Código Da Vinci”, menos de 20 anos depois, o cenário mundial era bem outro. Penso que a diferença principal, no que tange a esses dois livros, foi um enfraquecimento da instituição da Igreja Católica, que não mais teria forças para censurar a publicação de uma ficção não-ortodoxa sobre a vida de Jesus. A minha surpresa foi perceber como uma grande mudança se operou no mundo a esse respeito, em tão pouco tempo! É claro que pode ser tudo uma viagem minha...


* O problema é que Benítez se esforça tanto para provar que a história é verdadeira, que acaba sacrificando algumas regrinhas da boa ficção. A pesquisa foi primorosa, sem dúvida, mas o livro teria ficado bem mais atraente sem tantos detalhes técnicos. Achei que esses detalhes foram especialmente cansativos por estar lendo o livro agora, e não na época do lançamento. O livro envelheceu rápido, em minha opinião. Hoje não deve despertar uma sombra do impacto original.

* Achei curioso que o autor se esforçasse tanto por dar essa aura de veracidade e acabasse cometendo alguns erros crassos, que denunciaram o caráter de ficção de sua história. Comentarei apenas um: no início do livro, o autor do livro Benítez qualifica o homem conhecido como Major como “um gigante de 1,80 m”. Depois, quando já estamos na narrativa do Major, este usa exatamente as mesmas palavras para descrever Jesus: “um gigante de 1,80 m”. Elementar, meu caro Watson!


* Achei o livro interessante no início, chatinho no desenvolvimento, muito bom na meiúca e mais ou menos do meio pro final. Li pulando vários trechos com descrições técnicas, depois que vi que não faziam a menor falta na história. Algumas descrições biológicas achei profundamente imbecis, totalmente desnecessárias. Pra que eu quero saber o tamanho exato do braço de Jesus? (isto é, o tamanho exato da imaginação do autor).

* Esse é um ponto falho do livro. Ao se perceber que é mesmo uma ficção, muitas das descrições ficam totalmente dispensáveis. Não caberiam em absoluto em um livro de ficção, e soam inverossímeis em uma suposta história verídica.

* Também pulei a longa e mórbida descrição dos tormentos sofridos por Jesus na crucificação. Não gostei do filme “A Paixão de Cristo” pelo mesmo motivo: sofrimento pelo sofrimento, tô fora!

* Gostei de ter lido, pois matei uma vontade antiga. Aprendi bastante, felizmente! Mas confesso que saciei totalmente a vontade de ler essa série.

5 comentários:

  1. Adoramos o seu blog,é maravilhoso e sempre estamos por aqui conferindo tudo.
    Super beijos da Glorinha.
    Estamos com a campanha Google +1 e contamos com a sua participação.
    http://sbrincos.blogspot.com.br

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  2. Ah!! Minha mãe lia essa coleção e adorava!

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    1. Ah que massa Luiza! Tenho curiosidade de saber o tema abordado nos outros livros da série...
      bj

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  3. Li na épóca do lançamento, e foi mesmo um fenômeno....li até o 3º livro e desisti,o resto foi pior.

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