segunda-feira, 16 de julho de 2012

PAULO E ESTEVÃO – Chico Xavier (Emmanuel)





Tudo indica que não poderei terminar essa leitura pelo momento. Fui tocar com a banda em outra cidade e levei o livro para ler durante a viagem. Na correria do show, meu exemplar se perdeu. Não fiquei triste pela perda. Embora faltem mais de cem páginas por ler (o livro tem por volta de quinhentas), certamente li mais que o suficiente para provocar em mim as transformações que eu procurava.

Esse livro surgiu na hora certa para que eu pudesse compreender melhor o apóstolo Paulo. A leitura foi sugerida pela forte impressão que causou em mim o filme “Chico Xavier”, justamente no momento em que cheguei ao limite da exasperação em minhas leituras das epístolas de Paulo.

“Todos os vossos atos sejam feitos com amor”, disse São Paulo. A vida inteira de Chico Xavier foi um sublime exemplo do amor transformado em ação. Estava confiando que o Mahatma brasileiro saberia me conduzir com doçura para além da ignorância que estava nublando a minha consciência. E assim foi!

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“Paulo e Estevão” é uma narrativa psicografada pelo espírito Emmanuel, guia de Chico Xavier. Ao assistir o filme, tive uma impressão que foi reforçada pela leitura. Chico psicografou incontáveis obras de muitos espíritos, entre famosos e anônimos. No caso de Emmanuel, guia da maioria das obras de Chico, tive a impressão de que ocorreu algo além da psicografia. A relação entre Chico Xavier e seu guia guarda muitas semelhanças com a vivência de Sócrates e seu “daimon”, de Hermann Hesse com seu homem-criança e do próprio Gandhi com o que ele chamava de “voz da consciência”.

Não vou me estender nesse tema, que poderia ser polêmico. Basta a sugestão do que intuí: todos possuímos um guia, ou daimon, ou consciência, ou paramatma. Os maiores dentre nós são os que buscam cada vez mais ouvir a voz de seu guia.

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A primeira e grata surpresa com essa leitura veio logo no prefácio. Percebi claramente que Chico Xavier não ignorava todas as contradições presentes nas cartas de Paulo, e que tanto me exasperaram. Longe de bradar contra Paulo e denunciar suas mazelas, como fez Nietzsche em seu “Anticristo” e eu mesmo em minhas resenhas das epístolas, Chico Xavier desnuda com seu olhar amoroso um drama profundamente humano e comovente. É o drama de Saulo até se tornar Saulo. É o drama de Paulo ao seguir os passos do Cristo. É o drama de cada um de nós, obras em andamento, em busca da perfeição e do sentido da vida.

Muito inspirada foi a percepção do papel que Estevão poderia desempenhar no processo. Rapidamente citado nos Atos dos Apóstolos, Estevão foi um dos primeiros mártires do cristianismo, apedrejado que foi pelos judeus pela heresia de proclamar a vinda do Messias. Na concepção de Emmanuel, a história de Estevão está intimamente ligada à de Paulo de Tarso, de uma forma que foi delineada com muita habilidade nas páginas do livro.

Questionar se os fatos históricos se deram exatamente assim como no livro ou de outra forma, em minha opinião, é uma perda de tempo. “Paulo e Estevão” não se propõe a ser um documento histórico, e sim um relato de edificação e aprendizado. O espírito possui a sua própria realidade.

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Uma palavra ainda quero dizer sobre o estilo do texto. Chico Xavier exprime-se em um português castiço, rebuscado e rico em sua construção. Poderia parecer até empolado, caso o tema do livro fosse outro, um mero romance sem pretensões além das literárias. Mas a palavra de Chico aspira a traduzir o sublime, o sutilíssimo. E a impressão que dá é que somente a delicada prosa de Chico Xavier (ou de Emmanuel) seria capaz de registrar tão bem as mais altas ânsias e belezas do espírito.

Valeu, Chico!!!


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Os livros são como pessoas que conhecemos. Alguns nos acompanham por um breve momento, para uma leve e descompromissada troca de ideias durante uma viagem de trem. Outros nos despertam profunda antipatia, sem que consigamos entender bem o porquê de tanta aversão (apesar dos zilhões de motivos que invocamos). Outros ainda nos despertam um amor fulminante à primeira vista. E há também os que nos marcam para sempre, que nos fazem crescer, que nos mostram possibilidades insuspeitadas na infinita paisagem da vida.

Acabei hoje de ler esse livro tão precioso, do qual me despeço como a um amigo muito sábio e querido. As últimas páginas foram lidas com um sentimento de nostalgia, já antecipando o inevitável adeus após o “fim”. Um verdadeiro “livro vivo”, obra ditada pelo puro amor, pelo desejo singelo de elevar corações e mentes.

Foi uma convivência maravilhosa com dois santos. Um é São Paulo. O outro é São Chico.

Termino a leitura muito grato por essa doce e inesquecível experiência!


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Resenha do filme CHICO XAVIER


Assisti ontem e ainda estou sob o maravilhoso impacto dessa primorosa obra do cinema nacional!

Um filme para ver e rever, sempre com muita emoção. Um filme vivo, que fala fundo ao coração.

A magnífica trajetória de Chico Xavier é sem dúvida a força motriz da história. Uma Grande Alma, autêntica encarnação do Bem, exemplo inspirador e força consoladora. Que alegria saber que viveu nesse mundo Francisco Cândido Xavier! Que felicidade saber que ele escolheu o Brasil para nascer!

Mas a vida luminosa desse grande imitador de Cristo não é o tema dessa resenha, e sim o filme que foi feito a respeito dela.

O que tenho a dizer resume-se a isso: foi um filme à altura!

Tudo exala excelência nessa produção impecável. O elenco todo está maravilhoso, com inegável destaque para Nelson Xavier, que interpreta Chico em sua maturidade. Impressionante foi a mimetização que esse grande ator foi capaz de operar!

Mas o grande destaque vai mesmo para o olhar sensível e inteligente de Daniel Filho, diretor do filme. Nada sobra, nada falta nessa narrativa tão bem amarrada, construída a partir de um roteiro realmente inspirado.

É possível perceber que cada cena foi fruto de grandes reflexões. Uma obra construída com esmero e amor.

O resultado está aí, para ser visto e celebrado!

Viva o cinema nacional!!!

E viva Chico Xavier!!!

2 comentários:

  1. uau que bacana viu, eu respeito eternamente Chico Xavier

    beijokas

    http://www.estilopropriobysir.com/2012/07/danca-e-seus-beneficios.html

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  2. Valeu Siça!

    E viva nosso amado Chico!

    beijos

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