quarta-feira, 25 de julho de 2012

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA – Lima Barreto



Gostei muito de ter lido esse livro, que me trouxe muitas reflexões. Imagino que quando o livro foi escrito (1911), deve ter provocado fortes reações. Há muitas ironias e críticas a diversos segmentos da sociedade da época. Hoje, a leitura é amenizada pelo tempo, que torna curiosidade histórica o que antes era vida e morte.

O livro trata principalmente da história de um sonhador, e de seus confrontos e desencantos com a dura realidade. O estilo de Lima Barreto é marcado por belas passagens que alternam ironia e lirismo, comicidade e amargura. Boa parte da trama gira ao redor de um fato histórico, que foi a Revolta da Armada, uma tentativa frustrada da Marinha de expulsar o Marechal Floriano Peixoto da presidência do Brasil.

O protagonista é sem dúvida a figura mais marcante. Confesso que muito me identifiquei com ele. Mas há também muitos coadjuvantes de expressão: o tocador de viola Ricardo Coração dos Outros, principalmente, que vai crescendo em profundidade ao longo do livro. Outra marcante é Ismênia, cuja sina deixa entrever a semente de um Nelson Rodrigues. Não tenho dúvida de que Nelson leu esse livro e vibrou com as vívidas cenas finais de Ismênia!

Há também uma longa galeria de tipos, que são ironizados ou celebrados com a mesma perícia por Lima Barreto. Verdadeiramente um grande autor brasileiro!

Last but not least, uma curiosa impressão ficou dos títulos escolhidos por Lima Barreto. Me parece que todos têm uma mesma cadência, um mesmo ritmo interno: “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, “O Homem que Sabia Javanês”. Experimente dizer os títulos em voz alta. Todos duram o mesmo tempo na boca!

Last do last, lembrei da primeira frase que me marcou de Lima Barreto, pela qual desde sempre o amei:

“Sou brasileiro raça pura, ou seja, mestiço.”

Viva Lima Barreto!

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