Essa peça encerra a tetralogia formada por “Ricardo II”, “Henrique IV partes I e II” e “Henrique V”.
A trama centra-se na famosa batalha de Azincourt, onde um reduzido efetivo comandado pelo rei Henrique conseguiu desbaratar o muito mais numeroso exército francês. Achei muito interessante como Shakespeare consegue transmitir as emoções e aflições da batalha sem que praticamente nada seja mostrado dela. Mais um ponto para corroborar minha tese de que Isaac Asimov é pupilo do Bardo! Pois as cenas de batalha em suas histórias de ficção científica seguem o modelo elegantérrimo estabelecido por máster Shakespeare.
É claro que a leitura acabou me levando a pensar sobre a guerra de modo geral. Com o avanço tecnológico, as guerras de hoje são travadas à distância; mata-se apertando um botão ou um gatilho. As guerras hoje são muito mais cruéis e terríveis, mas penso que as guerras de antigamente exigiam muito mais coragem física e eram muito mais sanguinárias! Imaginem milhares de pessoas se matando na base da espadada e da marretada! Havia também, a julgar pelas peças de Shakespeare, um senso de honra muito maior entre os combatentes.
As cenas cômicas perderam muito sem Falstaff, que aliás morre fora de cena, de modo similar ao de Sócrates!
O tradutor novamente se viu em palpos de aranha, na cena em que a princesa Catarina, francesa, tenta aprender inglês. A cena original é auto-explicativa, pois a ama vai ensinando para a princesa como dizer em inglês as partes do corpo: braços, dedos, cotovelos etc. O tradutor optou por deixar a cena sem tradução, virtualmente incompreensível para quem não sabe inglês ou francês.
Penso que essa tradução, de 1954, deve ter sido muito útil para as traduções posteriores que foram feitas. As de Bárbara Heliodora e de Millor Fernandes, as mais famosas, devem ter sido feitas depois dessa, beneficiando-se do pioneirismo e do rígido caminho traçado por Carlos Alberto Nunes. Nada como aprender com o erro dos outros!
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