A trilogia de “Henrique VI” foi provavelmente a primeira obra escrita por Shakespeare. Curiosamente, a primeira parte só foi escrita depois da segunda e da terceira, complementando o que faltava contar da história do rei Henrique VI.
Sabendo que foi um texto inicial do Bardo, é possível viajar nessa onda da gênese do gênio, buscando onde Shakespeare ainda era relativamente imaturo e onde já brilhava bem acima de seus pares. Mas eu sinceramente achei a peça bem na média do Bardo. É claro que não se compara às suas grandes tragédias, mas achei essa primeira parte de “Henrique VI” mais bem feita que “Ricardo II”, por exemplo, que foi escrita alguns anos depois.
Essa primeira parte de “Henrique VI” tem um toque bizarro para nossos olhos contemporâneos por apresentar uma figura histórica de forma bem controversa: Joana D’Arc. Pelo olhar do Bardo, Joana mereceu mesmo ir para a fogueira. Não se pode esquecer que Shakespeare era sobretudo inglês!
Engraçado que ter lido essa peça desfez uma má impressão que tive dos franceses ao ler o prefácio de “Fedra” de Racine, há muitos anos. Li uma edição francesa que fazia de tudo para colocar Racine no topo da dramaturgia mundial, desmerecendo e até ignorando a existência de um tal de Shakespeare... Pois então. Na época achei muita arrogância dos franceses. Agora vejo que eles têm motivo para antipatizar com o Bardo...
Outra curiosidade histórica é a apresentação do célebre confronto das duas rosas, que foi a guerra entre York e Lancaster, muito bem colocada na peça.
Nessa primeira parte, o Rei Henrique VI é pouco mais que uma criança, e seu reino está longe da paz e da harmonia. Tenho a impressão de que as coisas não vão melhorar para ele nas partes seguintes...
Fabinho!
ResponderExcluirParabéns pela ótima resenha.
cheirinhos
Rudy