quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DESCARTES – Coleção Os Pensadores




Foi mesmo uma sincronicidade que nessa fase em que tenho relido alguns livros especiais fosse justamente Descartes o próximo da fila na Coleção Os Pensadores. Já havia lido a introdução e o “Discurso do Método” para a faculdade, e gostei tanto que li por conta própria as “Meditações”, leituras que acabaram na letra de uma música heavy metal.

Pois bem. Comecei a ler pela segunda vez, desde o princípio. Jamais esperava o impacto das revelações que recebi. Tive que parar a leitura no início do “Discurso”, assim que terminei a longa introdução (59 páginas). Precisava parar para absorver aquilo tudo. Agora posso falar sobre o assunto.

Pois então. Na introdução, é claro que Descarte é louvado como um grande filósofo, imortal autor da célebre frase: “Penso, logo existo.” Mas há também, aqui e ali, a acusação mais ou menos velada a uma falha fundamental no sistema filosófico de Descartes, e até de uma covardia intelectual.

Essa mesma conversa eu escutei na sala de aula. Galileu disse uma coisa que a Igreja não gostou, e foi obrigado a abjurar, a renegar seu próprio trabalho científico. Então Descartes ficou com medo e recuou em suas teorias.

Eu escutei isso na faculdade, e li no livro, então acreditei! Hoje percebo que essa é uma leitura totalmente não-filosófica de Descartes!!!


o covarde e o herói


O xis da questão é o seguinte: Descartes é um dos nobres pais da ciência. Ao formular em seu “Discurso” as regras do método científico, influenciou definitivamente o modo de se entender e fazer ciência, tanto que vem de seu nome a palavra “cartesiano”.

O grande embaraço, para os ferrenhos seguidores do cartesianismo tal como ficou conhecido, é que a filosofia de Descartes apóia-se em Deus! Após sua belíssima odisséia até chegar ao “cogito”, abraçando totalmente a dúvida até que a própria dúvida torne-se a certeza de um ser que duvida, Descartes ancora a existência do ser pensante à necessária existência de Deus. Essa é a filosofia cartesiana, purinha.

Descartes não foi um covarde (ou pode até ter sido, é algo totalmente irrelevante do ponto de vista de sua filosofia). Eu acreditei nisso porque acreditei em pessoas que acreditam que o materialismo científico é a conclusão inevitável de toda ciência possível, então se Descartes não chegou a essa conclusão, logo ele que foi o pai (padrasto) dessa zorra toda, então para essas pessoas Descartes foi um covarde.

No entender dessas pessoas, corajoso foi Laplace, matemático que veio logo depois de Descartes. Questionado pelo rei por não ter mencionado Deus em parte alguma de seu tratado, ele respondeu que Deus não era necessário em suas equações.

a dúvida e a certeza

Sabem qual é o problema de uma ciência sem Deus? Quando um deus é derrubado, logo outro toma seu lugar. O deus que a ciência segue hoje atende pelo nome de Progresso. Em nome do progresso, todos os avanços da ciência são justificados. E é assim que temos xampu que não arde no olho da criança, graças à tortura e morte de incontáveis seres sencientes, tão capazes de sentir dor quanto os seres humanos. É assim que temos Progresso para todos os lados, a custo da poluição e extinção da vida no planeta.

O Deus que está faltando na ciência não virá de nenhum dogma religioso, de nenhuma seita ou igreja estabelecida. Isso também pode ser jogado fora junto com a velha ciência. O Deus que está faltando é o mero pressuposto: existe Deus. Só isso basta.

Sabendo que Deus existe, nenhum cientista que se preze vai torturar coelhinhos para fazer xampu!!!

Parece brincadeira, mas a coisa é profunda, estremece até os alicerces.

Descartes foi lá, viu, e contou. É só olhar e ver.

***

vista o manto sagrado ao ler um livro assim

Donde a importante conclusão: só se pode ler filosofia sendo filósofo.

Nunca leia um livro de filosofia de boca aberta: os pensamentos de outra pessoa podem se tornar os seus, sem que você sequer perceba.



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Aproveito para convidar você a conhecer o livro O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI

Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/
 
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):


Um comentário:

  1. Fabinho!
    Sabe o que mais gosto em você? É esse ecletismo na leitura e a transmissão dos sentimentos ao ler um livro. Fabuloso!!
    cheirinhos
    Rudy

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