sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ENTREVISTA COM A ESCRITORA E PRODUTORA CULTURAL LUZIA MORAES

"A acadêmia tem como compromisso trazer o “universo” para a cabeça, o problema é a cabeça que a depender do “exercício” pode ficar atrofiada e virar uni-nada. " (Luzia Moraes)
O mundo da comunicação de massa se mostra cada vez mais como um deserto sem ideias próprias. Exemplo disso, no caso da indústria do cinema, teatro e da música, é o exagero na fórmula de recorrer sempre a sucessos do passado. E a razão, talvez, para evitar a ousadia e recorrer sempre ao mais do mesmo está na “segurança imediata” do investimento como valor supremo. Mas esse mesmo investimento, sempre ele, também é covarde, e foge ao menor sinal de turbulência. Com essa e outras, a crescente hipertrofia da mentalidade administrativa cultural, principalmente em Salvador (BA), em todos os ramos de atividades está banindo o espírito de desafio e impulsionando a cultura da mediocridade, pois para os  "cabeças de planilha", a Terra não pode parar. E como a primeira capital do Brasil vem sofrendo, nos últimos anos, um empobrecimento social e cultural assustador, devido à falta de políticas públicas eficientes, nada melhor do que bater um papo com uma das poucas cabeças pensantes dessa cidade. Por isso, o escritor, blogueiro e jornalista Elenilson Nascimento (Literatura Clandestina) entrevistou a produtora cultural e escritora, formada em Comunicação Social, Luzia Moraes.
Elenilson – Na Bahia, a maioria dos artistas não tem opinião sobre nada, além de só viverem preocupados com as suas carreiras. Já me decepcionei com muitos que eu achava serem bacanas e graças à internet pude perceber que não passam de uns bocós. Na greve dos professores e da polícia, por exemplo, não teve nenhum formador de opinião que saísse em defesa ou argumentasse alguma coisa. Comenta.
Luzia Moraes – Isso é da vida! Tem mais bocós em tudo, seja na medicina, no direito, no comércio, não é privilégio da classe artística, mas entendo a sua aflição. Descobri que hoje só faço por afinidade, minha turma é que eu me afino mesmo, não é panela sabe? Não me permito mais certas coisas, a gente cresce e aparece, mesmo que seja só para a gente mesmo, entende? A sociedade esta enfraquecida e com isso a classe artística vai junto, é o reflexo, já disse. Greves são estas rachaduras, estas demonstrações de uma sociedade doente, estamos doentes, mal das pernas mesmo, tudo ruim! Inadmissível tudo que vem acontecendo, são muitas falhas, muitas faltas, estamos vivendo na era da fome, são artistas com fome, sem perspectiva, loucos para fazer algum “sucesso” e pagar as contas, comprar a casa própria, é de dar pena, vivemos na pobreza total, de espírito, de grana, de visão. É muito medo, terror mesmo, então ficam anestesiados, esperando alguém chamar para algo $$$$ e esta busca pelos convites os deixam assim, sem “tempo” para pronunciamentos, uma merda! 
fonte: LC

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