sábado, 22 de dezembro de 2012

O JOGO DAS CONTAS DE VIDRO – Hermann Hesse



Eu amo tanto esse livro!!!

Que só escrever isso me emociona.

A obra definitiva de Hesse, com a qual ele foi laureado com o prêmio Nobel de literatura.

Castália é a Utopia de Hesse, seu testamento para a humanidade.

Precisa dizer mais?



O testamento literário de Hermann Hesse, seu último livro, sua obra magna!

“O Jogo das Contas de Vidro” é ápice da realização intelectual humana, um passatempo criado por uma sociedade futurista que tem em Castália o seu templo sagrado. Lá são realizadas as sessões cerimoniais do Jogo, que dura semanas e até meses. Cabe ao Magister Ludi a função mais alta e sublime, de idealizar e conduzir o Jogo, que sintetiza música e astronomia, matemática e linguística, filosofia e física, o supra sumo de todo engenho e arte da humanidade.

O livro é a biografia de José Servo (Joseph Knecht), lendário Magister Ludi de Castália, acompanhada por textos póstumos de Servo. É como um livro dentro de outro, o tal chamado “livro moldura”. Bem no estilo de Hesse, Só Para Raros.

A primeira parte é lenta, solene, comedida. Ao ler agora pela segunda vez, mais de dez anos depois, foi só lá pela página 400 que lembrei porque considerava esse livro um dos melhores que li na vida. Lindo e essencial.

A segunda parte está certamente dentre o melhor do melhor já produzido por Mahatma Hesse. Reproduzo abaixo uma passagem para gravar na alma!

Viva O Jogo das Contas de Vidro! Viva Hermann Hesse!




“(...) Fizera também a experiência de que os homens que se dedicam ao espírito despertam nos outros uma estranha repulsa e antipatia, e que só são apreciados de longe, e lembrados em caso de necessidade, mas sem amor; não são considerados pelos outros seu igual, e sendo possível, evitam-no. Também ficara sabendo por experiência própria que os doentes ou infelizes preferem as inovações mágicas e os exorcismos, tradicionais ou recém-inventados, a sábios conselhos; que o homem prefere ser atingido pela desgraça ou praticar penitência pública a transformar-se interiormente, ou mesmo até a fazer um exame de consciência; que acredita mais facilmente em feitiços do que na razão, em exorcismos mais que na experiência: coisas essas que, conforme parece, nos milênios que decorreram desde então, não mudaram tanto como pretendem muitos tratados de história.

Mas Servo aprendera também que um homem que procura decifrar os domínios do espírito não deve deixar de amar: deve observar sem orgulho os desejos e loucuras da humanidade, mas sem deixar-se dominar por eles; que do sábio ao charlatão, do sacerdote ao malandro, do irmão que presta auxílio ao vagabundo parasita, existe apenas um passo de distância, e que o povo, afinal, prefere pagar a um trapaceiro e deixar-se explorar por um propagandista de feira, a aceitar de graça um auxílio altruísta. Os homens não gostavam de pagar com confiança e amor, mas sim com dinheiro e mercadoria. Enganavam-se mutuamente e ficavam à espera de ser enganados. Era preciso aprender a considerar os homens seres fracos, egoístas e covardes, e a ver quão profundamente nos próprios participamos dessas más qualidades e instintos, sem no entanto deixar de crer e alimentar com essa crença a própria alma; o homem também possui espírito e amor, nele habita algo que se contrapõe aos instintos e anseia por enobrecê-los.”

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