quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

AS PAIXÕES DA ALMA - Descartes




Primeira parte:

DAS PAIXÕES EM GERAL E OCASIONALMENTE DE TODA A NATUREZA DO HOMEM

Descartes surge aqui como um dos primeiros psicólogos modernos, se não o primeiro, ao esboçar um sistema teórico completo para o funcionamento da personalidade.

Uma das partes mais interessantes sem dúvida é quando o filósofo fala da glândula pineal, que para ele é o ponto do corpo onde a alma está especialmente concentrada. Muito massa essa visão dele!

Um aprendizado à parte que essa leitura trouxe foi essa sacação de como a filosofia ocidental nasceu e se desenvolveu quase que totalmente na ignorância de sua irmã mais velha, a filosofia oriental.

Esse pensamento me proporcionou muitas viagens, que sintetizo na alegoria de um romance na linha de Irvin Yalom, autor de “Quando Nietzsche Chorou”, ou então na linha do escritor de “O Mundo de Sofia”, Jostein Gaarder:

“O que teria acontecido se René Descartes tivesse lido o Bhagavad-Gita?”

Talvez pouca coisa tivesse mudado. Mas quem sabe o mundo inteiro que conhecemos hoje fosse completamente diferente!


Segunda parte:

DO NÚMERO E DA ORDEM DAS PAIXÕES E A EXPLICAÇÃO DAS SEIS PRIMITIVAS

Descartes já começa enfatizando a importância da glândula pineal na origem das paixões:

“(...) a última e mais próxima causa das paixões da alma não é outra senão a agitação com que os espíritos movem a pequena glândula situada no meio do cérebro.” (Art. 51)

Para o filósofo, as seis paixões primitivas são: “a admiração, o amor, o ódio, o desejo, a alegria e a tristeza; e todas as outras compõem-se de algumas dessas seis”. (Art. 69)


Terceira parte:

DAS PAIXÕES PARTICULARES

Foi o trecho que mais gostei desse livro. Hoje não dá para se guiar muito pelo sistema de classificação das paixões usado por Descartes, baseado ainda em “espíritos” e “humores” (bilioso, sanguíneo etc.). Então o texto interessa principalmente ao estudante de história da filosofia, mas é sempre interessante observar o modo como Descartes via o mundo, o que aparece em algumas frases marcantes.

Sobre a generosidade:

“Assim creio que a verdadeira generosidade, que leva um homem a estimar-se ao mais alto ponto em que pode legitimamente estimar-se, consiste apenas, em parte, no fato de conhecer que nada há que verdadeiramente lhe pertença, exceto essa livre disposição de suas vontades, nem por que deva ser louvado ou censurado senão pelo seu bom ou mau uso”. (Art. 153)

Como a generosidade impede que se despreze os outros:

“Os que têm esse conhecimento e sentimento de si próprios persuadem-se facilmente de que cada um dos outros homens também os pode ter de si, porque nisso nada há que dependa de outrem.” (Art. 154)

“Assim, os mais generosos costumam ser os mais humildes”. (Art. 155)

“(...) e acontece muitas vezes que os que possuem o espírito mais baixo são os mais arrogantes e soberbos, da mesma maneira como os mais generosos são os mais modestos e os mais humildes.” (Art. 159)

Descartes encerra sua explanação afirmando que as paixões “são todas boas por natureza e que só devemos evitar o seu mau uso ou os seus excessos.” (Art. 211)

Não pude evitar pensar novamente: e se Descartes tivesse travado contato com a filosofia sankhya? Como teria influenciado em sua filosofia o conhecimento do conceito hindu de “rajas” (paixão)??? A que alturas ele não teria chegado, partindo já de tão alto???

Imaginar é de graça...



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2 comentários:

  1. Fabinho!
    Descartes foi um dos precursores a unir o ôrganico e o espiritual, um estudioso sem igual!
    cheirinhos
    Rudy

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