Minha admiração por Greene vem
crescendo a cada livro dele que leio. Não entendia o rótulo de “escritor
católico”, até porque os livros que li antes nada tinham a ver com catolicismo,
ou mesmo religião: “O Décimo Homem” e “É Um Campo de Batalha”, ambos ótimos. Só
agora, em “Um Caso Liquidado”, finalmente surge o tema católico, mas sobretudo
aqui discordei desse epíteto. Jorge Amado não é chamado de “escritor
candomblecista” só porque boa parte de suas histórias tem como cenário um
terreiro de candomblé... e por acaso alguém já rotulou Shakespeare de “escritor
anglicano” só porque ele escreveu “Henrique VIII”???
Graham Greene não é um “escritor
católico”, é simplesmente um escritor, e dos bons!!!! Em “Um Caso Liquidado”
ele apresenta uma pequena obra-prima, um romance que é uma jóia em termos de
composição, personagens, estrutura... é sobretudo uma história universal, que
fala direto ao coração do leitor.
Querry, o protagonista, é um
homem que atravessa uma grande crise espiritual e decide fugir de tudo: do
mundo onde fez extremo sucesso e das mulheres que o amaram intensamente. Acaba
indo parar no coração da África, em um leprosário administrado por padres, só
porque era onde a estrada acabava... e assim começa uma história de muita
sutileza e elegância, pontuada por grandes trechos como:
“Um escritor não escreve para
seus leitores, não é certo? Não obstante, tem de tomar todas as precauções
elementares, para que eles se sintam bem.”
(lamento não ter lido esse livro
com um lápis na mão, pois deixei passar outras ótimas frases como essa!)
A questão espiritual é abordada
com muita sensibilidade e inteligência. Fiquei muito grato por essa leitura,
que me ajuda a traçar uma espécie de panorama intelectual e espiritual na
segunda metade do século XX. Até então eu só havia lido um lado da questão, o
nihilismo e a desilusão presente nas obras de Huxley, Orwell etc. E agora pude
ver o outro lado, e compreender melhor a extrema debilidade de uma
espiritualidade baseada unicamente na crença em dogmas.
Que gratidão ter como guru
Paramahansa Yogananda, que disse: “não acredite em nada do que digo, mas
comprove por si mesmo a verdade de minhas palavras”. Um caminho muito mais
promissor, me parece, que ter que engolir sem questionar dogmas goela abaixo...
Aliás, devo unicamente a Yogananda o fato de hoje ser cristão, pois em minha
adolescência fui obrigado a romper com uma fé baseada em dogmas, e graças a
Yogananda hoje percebo um Cristo muito mais real em minha vida.
Cristãos do mundo, está ao seu
alcance sentir a verdade do Cristo onipresente! Pratiquem a meditação
diariamente, e nunca mais sentirão a sua fé depender de um dogma!
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MANIFESTO
– Mensageiros do Vento
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