terça-feira, 10 de março de 2020

NINGUÉM ESCREVE AO CORONEL – Gabriel García Márquez



Este livro é um luminoso testemunho do poder da Literatura. Segunda (ou terceira, segundo a Wikipédia) obra de García Márquez, foi escrita em 1957, quando o autor, aos 29 anos, trabalhava como jornalista em Paris. Gabo enfrentava nessa época uma depressão causada pela nostalgia de sua Colômbia natal, agravada por sérias dificuldades financeiras.

Não é preciso saber desses detalhes biográficos do autor para considerar “Ninguém Escreve ao Coronel” uma pequena e concisa joia da literatura mundial. Ter em mente o contexto no qual a obra foi escrita, contudo, só faz aumentar nossa admiração pelo grande talento de García Márquez e, sobretudo, pela capacidade que a Literatura tem de ressignificar as dores da vida.

Pois o Coronel da narrativa, assim como o seu criador, enfrenta sérias penúrias financeiras e afetivas. Ele divide com a esposa asmática as angústias de um futuro cada vez mais incerto e sombrio, à espera da pensão prometida pelo governo há anos e que nunca chega. Na casa esvaziada dos bens, que foram vendidos um a um, só lhes resta um último tesouro: o galo de rinha, herança do filho morto por um soldado quando divulgava material subversivo.

Por aí já se vê como Gabo transpôs para a fictícia Macondo suas dores muito reais. E o mais belo é ver como ele trata essas dores, com ironia, graça e mesmo ternura! Outro ponto que chama a atenção é justamente a ambientação em Macondo, inclusive com referências a Aureliano Buendia e a episódios que farão parte do colossal romance “Cem Anos de Solidão”, que só seria escrito dez anos depois de “Ninguém Escreve ao Coronel”. Coisa de gênio!




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“Em nossa cidade habitam monstros, como em todas as outras.
A diferença é que aqui ninguém finge que eles não existem.
Há pessoas normais em nossa cidade também. É claro.
Ser normal é só a maneira mais ordinária de ser monstruoso.”


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