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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O LADRÃO DE ARTE – Noah Charney



O que primeiro chama a atenção nesse livro é a capa de design esperto, com um buraco recortado no lugar onde deveria estar a pintura. Muito criativo!

Ao ler o primeiro capítulo, contudo, tive vontade de desistir da leitura, devido ao excesso de clichês. Resolvi ler ao menos mais um capítulo, e acabei curtindo bastante os comentários e reflexões sobre o mercado das obras de arte, e também a respeito da eterna pergunta: o que é arte?


Os exemplos citados no livro são bem eloquentes. É fácil identificar “A Anunciação” de Caravaggio (https://goo.gl/images/q89Djo) como uma obra de arte. Mas sem um conhecimento prévio da história que motivou obras como o “Suprematista Branco sobre Branco” de Malevich (https://goo.gl/images/x6rPnz), quantos afirmariam sem hesitar que se trata de fato de uma obra de arte?


Outro debate diz respeito aos valores estratosféricos alcançados por essas ditas obras de arte nos leilões modernos. Recentemente o “Retrato de um Artista (Piscina com duas Figuras)” de David Hockney (https://goo.gl/images/rPVNJq) foi vendido pelo valor recorde de 90,3 milhões de dólares (equivalente a 330 milhões de reais). Em minha opinião, isso demonstra o quanto ainda somos atrasados como civilização. É imoral e hediondo que um pedaço de pano pintado seja comercializado por essa soma que poderia alimentar milhões de crianças, que literalmente poderia salvar inúmeras vidas.


Sobre a trama do livro em si, achei mais ou menos. Há momentos interessantes, mas um excesso de influência de Dan Brown (nos enigmas escondidos a serem decifrados) e de Harlan Coben (no festival mirabolante de reviravoltas no final). Um dos maiores defeitos da obra é o excesso de personagens, talvez uma exigência da história ambientada em várias locações.

Mesmo não gostando tanto do livro, aprecio sempre o aprendizado. Em uma narrativa construída com menos habilidade, podemos enxergar melhor os fios condutores, e onde há falhas aparentes, podemos aprender sobre os acertos. E principalmente adquirimos mais recursos de análise para apreciar melhor uma obra-prima, onde não é tão fácil discernir como o truque foi feito. E viva o salutar hábito da leitura!


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Imagine um jogo que ensina as crianças a rimar e fazer Poesia!
Disponível gratuitamente no link abaixo:

O jogo POESIA DE BOTÃO faz parte do projeto selecionado pelo Edital Arte Todo Dia – Ano IV, da Fundação Gregório de Mattos (Prefeitura de Salvador), com apoio de Athelier PHNX, Verlidelas Editora, Caligo Editora, Suporte Informática e AG1. O propósito do jogo é convidar as crianças a vivenciar o universo da Poesia de forma lúdica e atrativa, como uma “brincadeira de montar versos”. POESIA DE BOTÃO é especialmente indicado para crianças já alfabetizadas, mas nada impede que adultos possam brincar também e se beneficiar com o jogo.


sábado, 2 de novembro de 2013

CARTAS A THEO


Seleção das cartas de Vincent Van Gogh a seu irmão Theodore.

Ao falecer, em 27 de julho de 1890, Vincent Van Gogh deixou um grandioso legado: um conjunto de centenas de quadros, desenhos e estudos, que mostraram ao mundo uma parte de sua genial, melancólica e perturbada natureza. Mas além de suas obras de arte, Van Gogh deixou também outra possibilidade de o conhecermos: suas próprias palavras. Durante sua vida, Van Gogh se correspondeu assiduamente com seu irmão mais novo, Theo, a quem era muito ligado. Praticamente uma autobiografia, o conjunto das cartas de Vincent é uma janela para a alma e mente desse grande artista que dedicou a vida, a saúde física e mental à arte.

Pelas cartas, vamos acompanhando seus projetos: as tentativas de ser missionário, professor, o primeiro emprego na Casa Goupil, a galeria de arte do tio, mais tarde administrada pelo irmão Theo, até a decisão por dedicar-se apenas à arte, afinal. Através da Casa Goupil, conhece Paris. Mas a capital francesa não o agrada. Após algumas andanças, é no interior da França que ele se fixará, na cidade de Arles, onde se apaixonará pelos campos de trigo, pelo grande sol amarelo, pela vida dos camponeses. 

Cúmplice de todas essas mudanças e descobertas, Theo foi figura importantíssima para que Vincent pudesse se dedicar à pintura, acreditando no talento do irmão, dando-lhe suporte financeiro e afetivo. O amor e dedicação de Theo foi sempre reconhecida por Vincent, que muitas vezes lamentava dar tanto trabalho ao irmão.

“Agora sinto que meus quadros não são suficientemente bons para compensar as vantagens que aproveitei através de ti. Mas acredite-me, se um dia eles forem suficientemente bons, você terá sido também seu criador, tanto quanto eu, porque nós os estamos fazendo juntos”.

É empolgante acompanhar pelas cartas a criação de algumas das obras-primas do artista: "Os Comedores de Batatas" (“apliquei-me conscientemente em dar a ideia de que estas pessoa que, sob o candeeiro, comem suas batatas com as mãos, que levam ao prato, também lavraram a terra, e que meu quadro exalta, portanto, o trabalho manual e o alimento que eles próprios ganharam tão honestamente”), "A Noite Estrelada", a série dos girassóis, criada para decorar a casa e o quarto do amigo Paul Gauguin, que irá instalar-se na casa e cuja chegada é aguardada ansiosamente por Van Gogh. Uma ideia recorrente do artista era criar um ateliê coletivo, uma espécie de cooperativa entre artistas, onde eles trabalhariam e apoiariam-se mutuamente. É um tanto doloroso acompanhar essa espera, pois já sabia que a estadia de Gauguin iria terminar de forma trágica: o famoso episódio em que Van Gogh, num acesso de loucura, corta a própria orelha. Nesta edição encontra-se a versão da história contada por Gauguin. 

A própria loucura é comentada calmamente nas Cartas: “É preciso que eu me resigne, é bem verdade que um monte de pintores ficam loucos, é uma vida que leva a ficar muito abstraído, para dizer o mínimo. Se eu me lanço em cheio no trabalho, muito bem, mas continuo a ser louco”. 

Vincent não agüentou mais o fardo da própria existência e resolveu abreviá-la. Durante sua vida, Vincent Van Gogh vendeu apenas um quadro. Em 1990, um século após sua morte, "O Retrato do Dr. Gachet" foi vendido por 82,5 milhões de dólares, o maior valor dado por uma obra até então. Mudaram as obras? Ou mudaram os olhos de quem as viam? Afinal, o que é uma obra-prima? Não sei a resposta para estas perguntas. Fiquei extremamente emocionada com a leitura dessas cartas. Van Gogh ganhou, para mim, uma outra dimensão. Só me resta agradecer. A Vincent, pelo amor à arte. E a Theo, pelo amor à Vincent.


(Transcrição de resenha publicada no Orkut em 11.12.2011)

sábado, 23 de março de 2013

A Arte de Romero Britto [Livro de Arte]



Vamos falar um pouco de arte?

Sou grande fã da arte de Romero Britto, artista gráfico pernambucano que, hoje, vê seu trabalho sendo replicado numa escala mundial. Na verdade, sua arte já nasceu com caráter universal; nunca foi regionalizada. Esse gênio, radicado nos Estados Unidos da América, é considerado um grande "artista do consumo" da atualidade, por emprestar sua arte e técnica a marcas diversas, numa brilhante jogada publicitária. Não é à toa que também o chamam de o "Paulo Coelho" das artes plásticas. Infelizmente, essa comparação ao famoso escritor é feita no afã de denegrir seu trabalho, pouco apreciado pela "crítica especializada".

As cores desse genial pintor nos fascinam; ainda mais no meu caso, vidrado que sou em ambientes coloridos. É fácil encontrar seu traço no cotidiano, estampando embalagens de bebidas, perfumes, capas de cadernos e souvenirs diversos, como canecas, copos e badulaques variados.

Além de entusiasta das telas pueris e multicoloridas de Britto, também gosto de livros de arte. Assim, essa publicação me agradou muito. O acabamento do livro é excelente. O caderno com os trabalho possui capa cartonada e miolo em papel tipo cuchê bem grosso, tudo protegido por uma capa dura caprichada e robusta, com detalhe em baixo relevo. Assim que abrimos o volume, a reprodução de um trabalho de Britto, em pop-up, nos dá as boas vindas. O design do livro também é competente. O único "contra" à edição foi o pôster encartado em seu miolo. Na verdade, está mais para uma página quádrupla do que um pôster, impossível de se remover sem dano ao exemplar. Penso que a reprodução de alguma tela, em maior escala, poderia vir na forma de pôster, separado. Mas esse detalhe é bobagem, diante do conjunto feliz que a edição representa.

A Arte de Romero Britto foi lançado em 2003 pela Editora e Livraria Solar do Rosário, com 84 páginas, no formato quadrado de 25 cm, com organização de Regina Barros Correia Casillo, que também assina texto bilíngue introdutório (inglês e português). O preço de capa, à época, era em torno de R$ 70,00; atualmente, varia em razão do sebo, vez que fora de catálogo.

A baixo, algumas fotografias desse belíssimo livro (que podem ser acessadas em maior resolução ao abri-las noutra guia).

Recomendo, por fim, a leitura de minha última resenha para o Blog Comunidade Resenhas Literárias, sobre o romance soviético O Mestre e Margarida. Além disso, convido a todos para conhecer o Blog do Neófito.







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