quinta-feira, 26 de maio de 2011

A TRAMA DA MALDADE – Clive Barker


Nunca li um livro que se parecesse tanto com uma história em quadrinhos!

O curioso é que se fosse em quadrinhos mesmo, provavelmente a história não despertaria o meu interesse. Mas como texto corrido fiquei bem interessado durante as 733 páginas tamanho “tijolão”!

Acho que essa impressão foi causada pelo fato da imaginação (abundante) de Clive Barker ser eminentemente visual... tive essa impressão ao ler o “Livros de Sangue 2”, que só foi confirmada pelo primeiro romance dele que leio.

Aliás, há quanto tempo eu desejava ler um livro do Clive Barker! Exatamente como esse que li: bem grosso e com um título capaz de me deixar cabreiro, com medo de ter medo!

É certo que a “maldade” maior foi da edição brasileira, que traduziu dessa forma o título original de “Weaveworld”, algo como “mundo da trama”. Tudo bem que a tradução literal não inspira muita vontade de ler um calhamaço...

A história: existe um mundo encantado, como “o país das maravilhas”, coexistindo com o nosso mundo dito “normal”. Esse mundo é chamado de “A Fuga”, e é habitado pelos Despertos, que chamam o nosso mundo de “Reino” e a seus habitantes de Loucos...

Sim, essa distinção Despertos X Loucos evoca muito o Harry Potter, com seus Bruxos X Trouxas. Detalhe: o livro de Barker foi publicado dois anos antes do primeiro da série Harry Potter (e escrito dez anos antes)!

Voltando à história: tem tapetes encantados, criaturas mágicas e também muitos monstros! É realmente um grande voo de imaginação, onde nem sempre se prima pela verossimilhança e pela congruência, mas enfim! As peripécias imaginativas são boas o bastante para superar as deficiências.



A imaginação visual de Barker é eficaz sobretudo ao imaginar as criaturas hediondas, que ele consegue tornar mais repulsivas por diversas associações (sutis ou não) com a sexualidade. Muito interessante é a personagem Imaculada, com seu poder mágico originado pelo Mênstruo e com suas duas irmãs, a senil Bruxa e a tarada sinistra Madalena, que “estupra” jovens indefesos para gerar monstruosidades com o sêmen roubado... por aí dá para ter uma ideia do tipo de horror com que se delicia Clive Barker.

Mas tudo considerado, não diria que esta é uma história de terror. Está mais para a fantasia, com direito a sua cota de monstros e dragões.

Fico feliz por mais um sonho realizado: ler um romance do Clive Barker!

(18.05.11)


Descobri hoje que Barker é também um pintor bem interessante!

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