quinta-feira, 15 de setembro de 2011

NINGUÉM ESCREVE AO CORONEL - Gabriel Garcia Marquez


Esta trama curtinha, mais semelhante a um conto, trata na verdade de um único momento. Mas é um momento que se prolonga há anos, um momento de espera por parte do personagem.

O que o coronel espera? Uma carta. Algo tão comum, mas que no contexto da vida dessas pessoas tem uma dimensão gigantesca.

O que poderá conter nessa carta? A tão esperada ordem de pagamento de pensão, a aposentadoria a qual o coronel, embora há décadas afastado do serviço, ainda não recebeu. O coronel e sua esposa vivem em situação de extrema penúria e esse dinheiro é ansiosamente aguardado.

E assim, o coronel espera. A cada sexta-feira, o dia em que chega o barco do correio, o coronel espera. Mas é uma espera que se revela a cada semana, inútil, pois o título do livro já adianta a resposta que ele recebe do administrador do correio. E o coronel volta para casa, resignado, onde sua esposa asmática lhe servirá (nem sempre) o parco almoço extraído, como por milagre, das minguantes economias do casal, o que sobrou do dinheiro do filho alfaiate, morto pela polícia por distribuir panfletos “clandestinos”. Do filho do casal também sobrou o galo de briga, que o coronel cuida para poder ganhar dinheiro nas rinhas. Mas ainda levará alguns meses para isso acontecer e, até lá, o galo também precisa comer. O que fazer? O coronel, apesar de tudo, ainda tem esperança. Sua mulher, bem mais prática e realista, pergunta-se como irão sobreviver.

Me senti muito tocada pela situação desses personagens. Ainda não tinha lido nada de Gabriel Garcia Marquez. Este livro é anterior ao famoso Cem Anos de Solidão, que também ainda espero ler. Uma história tocante sobre pobreza, velhice, e principalmente esperança que, embora não encha a barriga, sempre alimenta a alma.

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