Por Elenilson Nascimento
A história do Afeganistão e o radicalismo do regime do Talibã já foram amplamente divulgados após o fatídico 11 de setembro, mas os dedos decepados ao serem flagrados pintados com esmaltes; os passos femininos rentes ao chão para não serem percebidos pelos homens; a proibição do aprendizado ou do exercício de uma função, e as outras tantas privações e violências a que estão sujeitas às mulheres, narradas pela autora, ainda causam calafrios e se entranham na memória como uma pungente realidade que por tanto tempo ignoramos. E esse é mais um livro que tem como tema o Afeganistão e que também já entrou na lista dos mais vendidos no mundo todo, ao lado de obras como "O Caçador de Pipas" (*que já virou filme) e “Cidade do Sol”, ambos romances de Khaled Hosseini; "A Menina que Roubava Livros", de Markus Zusak; e "O Afegão", de Frederick Forsyth, que entrou para a lista já ocupando o oitavo lugar no ranking de ficção.
O livro “O Livreiro de Cabul”, da jornalista norueguesa Asne Seierstad, é muito curioso, mas nada de muito extraordinário ou mais rebuscado, talvez por isso mesmo seja tão interessante, onde a escritora mostra o dia a dia de uma família tradicional, de classe média e aparentemente mais culta do que a maioria das famílias, num país onde a febre cega da religião infesta as mentes que, segundo a autora, a crença na superioridade masculina também quase nunca é questionada, pois para a maioria dos homens as mulheres eram burras (*os cérebros delas são menores e não podem pensar de maneira tão clara quantos dos homens”).
E a medida que eu ia lendo pude comprovar que fa tempo que eu acredito: A RELIGIÃO É O CÂNCER DOS HOMENS. As situações revoltantes ainda vividas por aquele povo que não consegue abrir os olhos para mundo e ver que tudo pode melhorar é algo preocupante. Mas o que realmente mais me revoltou (como sempre) é a forma como eles tratam as mulheres, pior que um objeto sem valor, pior do que as músicas de péssimo gosto da Bahia, onde, por exemplo, meninas de 16 anos – ou menos – casam com homens de 50 anos – ou mais – porque simplesmente enjoaram das esposas mais velhas.
No livro, Asne Seierstad (*que assimilou vários hábitos afegãos) descreve como conheceu Sultan Khan, o personagem livreiro, em Cabul, em novembro de 2001, após a queda do horroroso regime Taliban. Ela conta que depois de passar seis semanas nas montanhas de Hindu Kush, ao lado de comandantes da Aliança do Norte, dormindo no chão e viajando a pé, a cavalo e na boléia de caminhões, foi “um alívio conhecê-lo e poder relaxar e conversar sobre literatura”.
A narração começa com um breve roteiro da vida de Sultan: um livreiro proeminente, pertencente a chamada classe média local que havia sido preso, teve sua livraria destruída e diversas obras queimadas por comunistas, por mujahedins e pelo Taliban, mas que em todas as ocasiões, se recuperou e seguiu em frente, alimentando o desejo de ser útil a seu país através do desenvolvimento da literatura. Fiquei até torcendo pelo Sultan, mas no decorrer da leitura descobrimos o verdadeiro ditador.
Contudo, fiquei intricado: o que faz uma jovem norueguesa sair do seu lugar de origem e ir a um país totalmente diferente da sua realidade? A busca por uma matéria? O jornalismo de denuncia? Duvido muito! O fato é que Asne conheceu um Afegão quando estava em Cabul, mas não era um Afegão comum... na verdade, o que ela mostra nesse livro são as estáticas e as tradições medonhas de país que parou no tempo com a sua ignorância. (“O LIVREIRO DE CABUL” de Asne Seierstad, romance, 316 págs, 19ª edição, Editora Record – 2009)
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oooi !
ResponderExcluiro livro não faz lá muito minha cabeça não, mas tenho uma amiga que leu e disse que gostou bastante!
nao sei se leria realmente, mas nunca se sabe né? rs
Beijos, nanda
www.julguepelacapa.blogspot.com
Hey, gente!
ResponderExcluirEu gosto muito de livros assim. Há tempos que fico ensaiando pra comprar esse livro, mas acabo sempre adiando. Vou comprar!
Beijo grande e bom dia!