sábado, 24 de setembro de 2011

O LIVREIRO DE CABUL - Asne Seierstad

“Nesse livro, as contradições do livreiro abrem espaço para uma reflexão aprofundada sobre o papel da mulher ou sua ausência na sociedade afegã.”

Por Elenilson Nascimento

A história do Afeganistão e o radicalismo do regime do Talibã já foram amplamente divulgados após o fatídico 11 de setembro, mas os dedos decepados ao serem flagrados pintados com esmaltes; os passos femininos rentes ao chão para não serem percebidos pelos homens; a proibição do aprendizado ou do exercício de uma função, e as outras tantas privações e violências a que estão sujeitas às mulheres, narradas pela autora, ainda causam calafrios e se entranham na memória como uma pungente realidade que por tanto tempo ignoramos. E esse é mais um livro que tem como tema o Afeganistão e que também já entrou na lista dos mais vendidos no mundo todo, ao lado de obras como "O Caçador de Pipas" (*que já virou filme) e “Cidade do Sol”, ambos romances de Khaled Hosseini; "A Menina que Roubava Livros", de Markus Zusak; e "O Afegão", de Frederick Forsyth, que entrou para a lista já ocupando o oitavo lugar no ranking de ficção.
O livro “O Livreiro de Cabul”, da jornalista norueguesa Asne Seierstad, é muito curioso, mas nada de muito extraordinário ou mais rebuscado, talvez por isso mesmo seja tão interessante, onde a escritora mostra o dia a dia de uma família tradicional, de classe média e aparentemente mais culta do que a maioria das famílias, num país onde a febre cega da religião infesta as mentes que, segundo a autora, a crença na superioridade masculina também quase nunca é questionada, pois para a maioria dos homens as mulheres eram burras (*os cérebros delas são menores e não podem pensar de maneira tão clara quantos dos homens”).

E a medida que eu ia lendo pude comprovar que fa tempo que eu acredito: A RELIGIÃO É O CÂNCER DOS HOMENS. As situações revoltantes ainda vividas por aquele povo que não consegue abrir os olhos para mundo e ver que tudo pode melhorar é algo preocupante. Mas o que realmente mais me revoltou (como sempre) é a forma como eles tratam as mulheres, pior que um objeto sem valor, pior do que as músicas de péssimo gosto da Bahia, onde, por exemplo, meninas de 16 anos – ou menos – casam com homens de 50 anos – ou mais – porque simplesmente enjoaram das esposas mais velhas.

No livro, Asne Seierstad (*que assimilou vários hábitos afegãos) descreve como conheceu Sultan Khan, o personagem livreiro, em Cabul, em novembro de 2001, após a queda do horroroso regime Taliban. Ela conta que depois de passar seis semanas nas montanhas de Hindu Kush, ao lado de comandantes da Aliança do Norte, dormindo no chão e viajando a pé, a cavalo e na boléia de caminhões, foi “um alívio conhecê-lo e poder relaxar e conversar sobre literatura”.

A narração começa com um breve roteiro da vida de Sultan: um livreiro proeminente, pertencente a chamada classe média local que havia sido preso, teve sua livraria destruída e diversas obras queimadas por comunistas, por mujahedins e pelo Taliban, mas que em todas as ocasiões, se recuperou e seguiu em frente, alimentando o desejo de ser útil a seu país através do desenvolvimento da literatura. Fiquei até torcendo pelo Sultan, mas no decorrer da leitura descobrimos o verdadeiro ditador.

Contudo, fiquei intricado: o que faz uma jovem norueguesa sair do seu lugar de origem e ir a um país totalmente diferente da sua realidade? A busca por uma matéria? O jornalismo de denuncia? Duvido muito! O fato é que Asne conheceu um Afegão quando estava em Cabul, mas não era um Afegão comum... na verdade, o que ela mostra nesse livro são as estáticas e as tradições medonhas de país que parou no tempo com a sua ignorância. (“O LIVREIRO DE CABUL” de Asne Seierstad, romance, 316 págs, 19ª edição, Editora Record – 2009)

+ Clique aqui e leia a minha resenha completa.

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2 comentários:

  1. oooi !
    o livro não faz lá muito minha cabeça não, mas tenho uma amiga que leu e disse que gostou bastante!
    nao sei se leria realmente, mas nunca se sabe né? rs

    Beijos, nanda
    www.julguepelacapa.blogspot.com

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  2. Hey, gente!

    Eu gosto muito de livros assim. Há tempos que fico ensaiando pra comprar esse livro, mas acabo sempre adiando. Vou comprar!

    Beijo grande e bom dia!

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