segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

[entrevista]PEDRO DRUMMOND - Administrador da Mesa do Editor e Escritor

Olá pessoal!
Cumprindo com o prometido - trazer para nosso espaço de entrevistas não apenas escritores, mas, pessoas que tivessem outros vínculos com o universo literário - recebo aqui o administrador da Mesa do Editor, escritor Pedro Drummond.


BCRL: Oi Pedro! Obrigada por ter aceitado o convite de aqui comparecer para falar conosco. Seja bem vindo!

PD: Olá, Angélica! O prazer é todo meu, você sabe que há tempos sou um grande fã do Comunidade Resenhas Literárias.

BCRL:

BCRL: Como e quando surgiu a Mesa do Editor?


PD: Surgiu quando eu comecei a buscar editoras para o meu livro, Lemniscata – O Enigma do Rio. Logo vi que havia espaço para melhorar este relacionamento entre autor e editora.


BCRL: Qual o principal objetivo dela?

PD: Aproximar as duas partes resolvendo os problemas de ambas. O autor precisava ter a oportunidade de oferecer suas obras a muitas editoras de uma vez e sem gastar muito. As editoras precisavam receber as obras de forma bem dirigida e padronizada, além de poder avaliá-las com discrição. Depois de muita pesquisa, o site entrou em operação – e isso já tem 4 anos.

BCRL: Como funciona a Mesa do Editor?

PD: A Mesa do Editor começou com autores e editoras brasileiros. Depois, começamos a atender também em espanhol, e agora também em inglês. Antes, eram apenas os autores e as editoras. Agora, também temos agentes literários e prestadores de serviços (tradutores, revisores, ilustradores, etc). Temos usuários em 150 países.

contato@mesadoeditor.com

BCRL: Uau! 150 países? Que mara!!! E levando em conta sua resposta à pergunta anterior, que a Mesa do Editor já existe há 4 anos, nota-se que os resultados são compensadores, afinal de contas 4 anos em atividade é bastante tempo. Que coisa boa para todas as partes envolvidas!

PD: Sim, já são mais de 1200 obras publicadas com nosso apoio até o momento.

BCRL: Como um escritor pode fazer parte da Mesa do Editor?

PD: Basta se cadastrar no portal. Durante a sequência de cadastro ele fornece seus dados pessoais e depois os dados de suas obras. Na medida em que avança, ele vai ver dicas de preenchimento de diversos campos (por exemplo, como fazer uma carta de apresentação ou a sinopse de sua obra) e vai poder definir em que países deseja que sua obra seja divulgada.

BCRL: O procedimento é bem simples, que bom! Qual é mesmo o link para quem quiser conhecer e/ou fazer parte da Mesa do Editor?

PD: O link é www.mesadoeditor.com

BCRL: Há vários tipos de inscrição para os autores, qual a diferença entre eles?

PD: Há 2 tipos: o autor pode ser apenas cadastrado ou ser assinante. Se ele for apenas cadastrado, não há custo nenhum e a obra dele vai ser divulgada a agentes literários e editoras de seu país nas datas promocionais, como o Dia Livre – que ocorre mensalmente. Se for assinante, todos os países poderão conhecer a obra e ela permanece em divulgação constante pelo prazo da assinatura, que pode ser semestral ou anual.

BCRL: Muito bacana esse lance de datas promocionais, menino, vocês pensaram em tudo, né, às vezes um escritor está num momento que não pode participar como assinante, mas, tem sua oportunidade como cadastrado.

PD: Exato, esta é a ideia. Não queremos que ninguém deixe de ter sua chance. Além disso, obras beneficentes também ganham assinatura em cortesia no portal. Afinal, se o próprio autor abre mão de seus ganhos em prol de alguma instituição, também nós podemos ajudar de alguma forma.

BCRL: Como você avalia o momento editorial no Brasil?

PD: O momento é bem interessante, porque o mundo (e não apenas o Brasil) vem passando por um forte processo de digitalização de conteúdo. Este processo hoje já atinge os livros, e com força cada vez maior. A tendência, com isso, é termos um número sempre crescente de novos autores.

BCRL: Como a internet está interferindo nos hábitos de leitura das pessoas?

PD: A internet influiu no processo de compra de qualquer produto, mas no caso dos livros é ainda mais dramático. Agora, em 5 minutos você recebe uma recomendação de obra, conhece a opinião de outros leitores, visita a loja, lê uma amostra do primeiro capítulo e, se já tiver um leitor eletrônico, compra o livro e o recebe em alguns segundos. Neste aspecto, só é comparável a comprar uma música - e todos sabemos como foi a influência da internet na indústria da música. Apenas acho que não será uma mudança tão veloz quanto aquela.

BCRL: O E-book tem ganhado cada vez mais espaço junto aos leitores. Como você vê isso?

PD: Vejo com os melhores olhos. Livro é livro, seja em papel ou em bytes. Acho ótimo podermos guardar e ler alguns milhares de livros em um aparelho fino e leve. Acho excepcional podermos fazer pesquisas instantâneas nos textos destes livros. Mas entendo como importante a presença da editora na criação do E-book, ou teremos muitos produtos sem a qualidade mínima, gerando ruído no mercado. O E-book é ótimo se for um produto final de qualidade.

BCRL: Quando se fala em colecionar e-books algo me chama a atenção de uma forma preocupante: como guardar um número considerável de títulos tendo em vista a rapidez com que os discos flexíveis são substituídos? Preocupação típica de colecionadora de livros... E o medo de ter, sei lá, 1.000 livros num disquete e de repente descobrir que não pode abrir nenhum porque seu novo computador só tem drive para CD...rs...

PD: As mídias removíveis vêm e vão: disquetes, fitas streamers, CDs etc. Mas os HDs estão sempre aí. Eles (e ainda os discos ópticos) são as melhores opções para manter seus arquivos por prazos longos e em segurança. Os e-books são guardados nos HDs ou direto em seus aparelhos leitores (Kindle, Nook, iPad, etc), em geral com cópias de segurança nos HDs.

BCRL: Você, além de atuar na Mesa do Editor como administrador também é escritor, que conselho daria para um escritor que está dando os primeiros passos no mundo literário?

PD: Escrever é fantástico, é criar, é se divertir, é formar e informar, é aprender e ensinar. É apenas importante que o autor avalie se escreve porque gosta, tem facilidade, tem algo a dizer, ou se, desinformado, pretende “escrever um livro para ficar rico”. Uma carreira literária se constrói aos poucos, e mesmo depois de publicar seus livros haverá muito trabalho de divulgação pela frente.

BCRL: Senti empolgação em suas palavras quando fala sobre escrever, menino, não é à toa que o Lemniscata é um livro que prende a atenção do princípio ao fim.
E falando em escritores quais são os seus preferidos?

PD: Muitos. Do mais famosos, posso citar Clarice Lispector, Sidney Sheldon e Carlos Ruiz Zafón, por exemplo. Gosto também do Luís Eduardo Matta e do Felipe Pena, para citar dois que, além de ótimos escritores, são também meus amigos. E estou impressionado com o nosso amigo Fábio Shiva. Seu livro O Sincronicídio mostra o talento de um grande escritor.

BCRL: Sempre que faço essa pergunta para alguém penso: “isso é que apertar uma pessoa sem abraçá-la” porque nunca ninguém consegue responder com apenas um ou dois nomes... rs... E é fato, Pedro, O Sincronicídio é um livro “poderoso” e que transmite o grande potencial literário do querido Fabinho.

BCRL: E me conte menino, quando foi que sentiu despertar em você o desejo de ser escritor?

PD: Não sei. Desde criança eu sabia que me tornaria um autor de ficção. Eu me formei em engenharia eletrônica, mas acabei unindo os interesses e usando a tecnologia como parte importante no meu primeiro livro, o Lemniscata.


BCRL: E a ideia para escrever o Lemniscata (um livro delicioso de se ler, quem ainda não o leu não sabe o que está perdendo) surgiu como?

PD: Um dia comecei a pensar em um enredo interessante. Ainda sem muita seriedade, comecei a pesquisar sobre os assuntos que a trama abrangia. Poucos dias depois eu estava entrevistando pessoas e escrevendo com assiduidade, já completamente dedicado ao processo de criação da história.

BCRL: Qual o significado da palavra Lemniscata?

PD: Lemniscata é o nome da curva matemática que é usada para representar o infinito (o oito deitado). Ela tem papel importante no enredo.

BCRL: Sei que para escrevê-lo você fez extensas pesquisas sobre navegação e aviação para escrever o Lemniscata. Sei também que, além da internet, você procurou algumas pessoas do meio para obter informações mais precisas. Foi fácil conseguir acesso a essas pessoas?

PD: Não apenas navegação e aviação, mas também etimologia, turismo, história, armas, etc. Foram dezenas de pessoas, mas a própria internet facilita demais o acesso a elas. Em listas de discussão, blogs, etc, podemos encontrar grandes experts. Graças a estas ferramentas pude consultar especialistas em diversos países.

BCRL: é verdade, aliás, no site do livro há o espaço Galeria onde você colocou fotos de locais, armas, etc. Eu achei isso interessantíssimo porque apesar de imaginarmos enquanto lemos, há coisas que imaginamos bastante diferente do que são (pelo menos comigo vira e mexe isso acontece) e com um referencial desse porte foi possível “viver” com mais intensidade as cenas de ações que aparecem no livro.

PD: Fico feliz que você tenha gostado. O site do livro é bem simples, e merece uma completa reforma logo que possível.

BCRL: Fale um pouco sobre os protagonistas do Lemniscata.

PD: É um thriller passado quase todo no Rio de Janeiro. Lorena Dorff é uma jornalista canadense, correspondente do New York Times em Lisboa. Ela passa duas semanas no Brasil investigando o desaparecimento de seu pai, acompanhada de dois amigos, o italiano Luca Tomelli e o canadense Thomas Stanton. Ela não sabe, mas está sendo seguida de perto por Omar Tarek, também conhecido como Hárpia, um assassino egípcio famoso por nunca ser notado ao perseguir ou atacar alguém (como a Harpia, conhecida como a “águia invisível”).

BCRL: Gostei demais dos personagens que criou, eles são cativantes. O pai de Lorena que aparece no início do livro me impressionou muito.

PD: Alguns personagens aparecem menos, e precisam deixar sua marca para o leitor. Além disso, e mesmo por causa dos personagens, o final traz algumas surpresas interessantes, e isso é algo que eu gosto no livro.

BCRL: É verdade, menino, e você “mandou” muito bem nisso, quem me conhece sabe que o que mais me atrai numa história são as personagens e a forma como o escritor trabalha com elas. Adoro quando leio um livro e os personagens, como você disse aí que “aparecem menos” são marcantes. E realmente o final do seu livro é surpreendente e isso é tudo de bom numa história.

BCRL: Seu sobrenome é Drummond, existe um grau de parentesco com Carlos Drummond de Andrade? E isso ajuda mais do que atrapalha ou vice-versa?

PD: O parentesco é distante o suficiente para não tê-lo conhecido, mas próximo o suficiente para me sentir honrado. Meu pai o conheceu – aliás, meu pai, Olavo Drummond (falecido em 2006) é uma grande referência. Ele foi membro da Academia Mineira de Letras, ocupando a cadeira de Tancredo Neves, e publicou 5 livros. O sobrenome em comum com Carlos Drummond pode não ajudar de forma perceptível, mas por certo não atrapalha em nada.

BCRL: Que tipo de livros seu pai escreveu? Algum lhe é mais especial?

PD: São livros de poemas ou de contos. Gosto de todos, mas acho que prefiro “O Vendedor de Estrelas”, o último que ele escreveu.

BCRL: “O Vendedor de Estrelas” é um título instigante, várias ideias me passaram pela cabeça ao lê-lo.

BCRL: Está escrevendo outro livro ou se dedicando apenas a Mesa do Editor?

PD: O portal realmente consome todo o tempo, mas estou tentando me forçar a escrever quando possível. Quero fazer mais um thriller e também a biografia de meu pai, que é bastante rica e interessante.

BCRL: Que boas notícias! Creio que os leitores de Lemniscata, eu sou uma delas, esperam ansiosos por um segundo thriller seu, e com certeza uma biografia do seu pai, Olavo Drummond, será mais do que bem vinda, afinal de contas são 80 anos de uma vida, e que vida!

PD: Outra novidade interessante é que alguns amigos escritores me convidaram para participar de um livro de contos que vai sair pela Editora Record no começo do ano que vem. O livro se chama Geração Subzero, organizado pelo Felipe Pena, e meu conto lá chama-se Cristais de Prata.
Só para dar uma ideia do enredo: uma jornalista quebra, sem querer, o espelho de um velho móvel de sua casa. Atrás dele, encontra uma fotografia antiga com a mensagem “Espero você”. Como você disse que gosta de finais surpreendentes, acho que vai gostar também deste conto.

BCRL: Ah! Que notícia gratificante! Tudo que disse aí desperta o interesse por essa leitura: o título do livro, seu Organizador, o título do seu conto e esse resumo da história com o comentário de um final surpreendente... Ah! Fui fisgada...rs...

Bem, menino, prazer enorme ter você aqui conosco, agradeço de coração! E, como de hábito, o espaço deste tópico fica aberto para que nossos seguidores deixem uma pergunta ou um comentário para sua pessoa se assim o quiserem.
Sucesso sempre quer com a Mesa do Editor, quer como pessoa e escritor!

PD: Muito obrigado, Angélica. Como disse no início, adoro o Comunidade Resenhas Literárias, e sempre acompanho este trabalho notável de vocês. Parabéns mesmo!

BCRL: Eita lá lá, você sempre gentil, menino, obrigada pelas incentivadoras e carinhosas palavras!

BCRL: É isso aí meninos, fiquem à vontade para falar com o Administrador da Mesa do Editor e também Escritor Pedro Drummond.

Até a próxima queridos e

bj da angel

7 comentários:

  1. Parabéns pela entrevista, ficou ótima! Lemniscata é um livro que quero muito ler, está na minha lista e me traz muita curiosidade. Fiquei curiosa por ler esse conto também, adoro contos! Pedro, que o site continue sendo um sucesso, pois isso significa que mais escritores estarão tendo oportunidade de mostrar a sua obra ao mundo. Que pena que a entrevista acabou, rsss... Queria mais!

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  2. A entrevista ficou otima, e achei um máximo saber mais sobre o projeto! Oo

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  3. Muito massa a entrevista!
    Eu estava esperando para ler com muita expectativa, pois sou fã declarado do Pedro Drummond! Adorei!!!
    Nem preciso dizer que ganhei o dia, o mês, o ano todo com esse elogio, que belo presente!!!
    E nem preciso dizer que estou curiosíssimo para ler o novo conto!!! Adorei Lemniscata, é bom demais!!!
    E agora, como participante da Mesa do Editor, só tenho a louvar essa magnífica iniciativa, que facilita tanto os desafios dos novos escritores!
    Viva Pedro Drummond!!!
    E viva nossa Angel, que está se saindo uma bela entrevistadora hem!!!

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  4. Amigos, é mesmo uma honra estar aqui com vocês, que fazem esta comunidade tão especial.
    Beijos a todos!

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  5. Gostei de ver. Com certeza vou me associar ao "clube".
    Gostei da proposta da Mesa do Editor.

    Abraço

    Luiz lauschner

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  6. Que maravilha a entrevista cara Angel. Fiquei feliz com a iniciativa do "Mesa do Editor" e mais ainda com a espontaneidade de Drummond. Aguardo ansioso pela biografia (que é meu fraco) e também espero por um outro romance com Lemniscata. Boa sorte e conte conosco, leitores em busca de uma boa história.

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  7. BIA querida, também eu fiquei com um gostinho de “quero mais”, mas, se fosse satisfazer essa vontade esta entrevista jamais seria apresentada a vocês...rs...

    Oi KÉZIA, seja bem vinda, menina! Bom saber que curtiu conhecer mais sobre a Mesa do Editor. :)

    FABINHO querido, sabendo o quanto é fã do Pedro Drummond fiquei imaginando a sua alegria ao ler o comentário dele sobre O Sincronicídio. ;)

    LUIZ querido, que bom que apesar da correria conseguiu passar por aqui, fico feliz que tenha gostado da proposta da Mesa do Editor e que irá se associar ao “clube” tenho certeza que seu novo romance será muito bem recebido [vai já correndo terminar de escrevê-lo...rs...]

    RODOLFO querido, tivemos o privilégio de conhecer o Pedro Drummond no nosso querido Point Cultural na época do lançamento do Lemniscata. Quando Pedro falou aí sobre a biografia do pai me reportei imediatamente a você pois já sabia que seria atingido por conta desse seu “ponto fraco”...rs...

    bj queridos, da angel ;)

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