terça-feira, 3 de abril de 2012

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ - Mario Vargas Llosa



O peruano Ricardo é uma pessoa sem muitas ambições na vida. Aliás, é dono apenas de uma: mudar-se para Paris e ali viver o resto da vida. E essa meta ele alcança bem cedo. Aos vinte e poucos anos, está na cidade dos seus sonhos, começando a ganhar a vida como intérprete. E é nessa cidade que, quando menos espera, reencontra o primeiro amor de sua vida. Aos quinze anos, ainda em Miraflores, na capital peruana, Ricardo teve sua primeira paixonite por Lily, menina cheia de encantos e mistérios que zombava de suas declarações de amor. Dez anos depois, Ricardo a reencontra em Paris, com outro nome, como uma dos jovens latinos a caminho de Cuba, depois da ascensão de Fidel Castro, para treinamento militar no intuito de também fazer a “revolução” no Peru. Ricardo desconfia que Arlete (o nome atual da moça) não tenha tantos arroubos ideológicos, como poderia supor-se de uma aspirante a guerrilheira. Aliás, essa a grande característica dessa instigante menina: o mistério. Quem é ela de verdade? Ricardo só sabe de uma coisa: está apaixonado pela menina, mais uma vez. Ela aceita o amor de Ricardo sem demonstrações de afeto, rindo de suas declarações de amor. “Quantas breguices, Ricardito!”. E um belo dia, some de novo de sua vida. Para reaparecer outra vez. Assim, a trama do livro vai passando, assim como os anos, e essa mulher vai ressurgindo na vida de Ricardo, sempre com outro nome, outra vida e a mesma necessidade: ter dinheiro, roupas bonitas, tudo o que o bom menino Ricardo nunca poderia lhe oferecer. O que afinal ela sente por Ricardo? Qual é a verdadeira face da menina má? Ou como diz a contracapa do livro, qual é a verdadeira face do amor?

Gostei demais desse livro. E fiquei apaixonada pelo Ricardo, ou Ricardito, ou simplesmente, bom menino, como é chamado pela menina má. Em relação a esta, fiquei quase sempre morrendo de raiva dela...rsss... uma personagem misteriosa e exasperante, cheia de segredos e subterfúgios, arrasando com o coração do pobre e bom menino. Vargas Llosa a descreve tão bem, com aquele jeitinho faceiro, que é daquelas personagens que ficam na memória. A história dos dois nos faz refletir sobre o que é o amor, o destino (será que existe mesmo?), sobre as escolhas que a gente faz na vida, ou que a vida faz pela gente. Gostei também do contexto histórico: Paris nos anos 60, Londres nos 70, a situação política do Peru... e outros personagens interessantes que, de certa forma, servem de elo entre Ricardo e sua amada. Em suma: uma leitura deliciosa, como as breguices do Ricardito.

2 comentários:

  1. Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas segundo sua resenha parece ser bem legal =]
    Muito boa a resenha!

    Beijos.
    #Resenha falda.

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  2. Obrigada, Carol. Esse livro é bem bacana, sim. Leia quando puder. Tem outros do autor que pretendo ler. É ótimo quando a gente lê um autor novo (novo pra mim, pois ele está aí faz tempo...rsss).

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