domingo, 3 de junho de 2012

MEMORIAL DE AIRES – Machado de Assis




Um romance de despedida.

Um romance sobre a despedida.

“Memorial de Aires” foi o último romance de Machado de Assis, publicado em 1908, mesmo ano de sua morte.

Recomendável para os que já amam Machado. Pois sua beleza maior está em ser o término de uma vida de narrativas, o verso final proferido pelos lábios moribundos do poeta, o desfecho, o lacre, a tampa do caixão.

Para mim, que já o amo, esse livro trouxe um profundo sabor de velhice, de saudades irreconciliáveis, de uma ternura cansada pelos achaques da idade, mas de modo algum vencida, uma ternura essencial que parece o tesouro maior que o autor salvou para o último de seus livros.

Pela estrutura é muito semelhante a “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, com uma diferença crucial: aqui não há veneno.  

É como se o Conselheiro Aires (já presente em “Esaú e Jacó”), aposentado das exigências da vida diplomática, estivesse cansado do olhar crítico e da ironia, preferindo enxergar e contar o bem onde antes fazia questão de tecer o mal.

O resultado é um livro suave, ameno, um pouco triste e monótono também. Exatamente como imaginamos a velhice.

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