O jovem Slim MacKenzie nasceu com um raro dom, que sua avó chamava de “Olhos de Crepúsculo”: ele era capaz de ver o que ninguém mais via. Visões do futuro, percepções extra-sensoriais e sobretudo o perigoso dom de ver o mal que se esconde no coração dos homens.
Essa visão, no caso de Slim, não era nem um pouco metafórica. Graças à sua paranormalidade, ele era capaz de enxergar terríveis criaturas que andavam disfarçadas entre os homens. Monstros que eram uma mistura de lobo, porco e lagarto em sua aparência, e que viviam com um único propósito: alimentar-se do sofrimento da humanidade. Na falta de um nome mais apropriado, Slim chamava tais criaturas de “duendes”.
Encontrando refúgio entre as aberrações e párias de um parque de diversões itinerante, Slim logo descobre que nem ali estava livre de tais horrendas criaturas, cuja malignidade só ele conseguia perceber. Qual seria o propósito oculto dos duendes? Que chances poderia ter um rapaz de 17 anos em uma luta sem quartel contra uma raça inteira de monstros?
Bom, essa em linhas gerais é a trama de “Olhos de Crepúsculo”.
Vou recorrer ao esquema de tópicos para registrar algumas observações que achei interessantes:
* Foi especialmente instrutivo estar relendo simultaneamente um livro de Stephen King, “Sombras da Noite”. Assim pude comparar o estilo dos dois autores. Ao meu ver um dos pontos fortes de King está em assumir totalmente o “manto” do sobrenatural. Koontz me parece estar sempre enamorado pela ficção científica, e assim quer explicar o inexplicável. Não convence tanto quanto King, que prefere nem tentar explicar.
* Ainda assim, esse foi um dos melhores livros de Koontz que já li. A narrativa é ágil, e o principal defeito do autor, que é alongar demasiadamente o suspense, está aqui bem moderado. Meu palpite foi que a narrativa em primeira pessoa ajudou a manter a “enrolação” dentro de limites toleráveis.
* O livro é composto de duas partes, que quase poderiam ser narrativas independentes. Originalmente Koontz escreveu somente a primeira parte, e depois resolveu continuar a história do ponto em que havia parado. A transição da primeira parte para a segunda é um pouco sofrida, meio anticlimática, mas depois engrena em um bom ritmo.
* Achei o livro muito instrutivo em termos de manhas e macetes na arte de escrever. Koontz ensina quando acerta, e muito mais quando erra.
* Percebi uma metáfora nos duendes, a respeito da questão da maldade humana. Poderia ter sido mais explicitada.
* Last but not least... Durante a leitura desse livro, senti inegavelmente uma alteração em meus estados emocionais. Me senti mais propenso à ansiedade e a sentimentos negativos de modo geral. Não foi nada muito gritante, até bastante sutil, mas estou atento a essas manifestações em minha natureza.
* A conclusão a que chego (novamente) é que ler uma história de terror (ou ver filmes do gênero, ou mesmo assistir ao morticínio diário nos telejornais) tem seu preço. Encher nossa mente com violência e medo, obviamente, irá produzir pensamentos de violência e medo.
* Assim como alimentos saudáveis propiciam um corpo saudável, boas leituras são principalmente as que geram bons pensamentos. Por isso passei a ver os livros de terror como uma espécie de Big Mac mental: há quem ame e há quem deteste comida fast food, mas todos concordam que definitivamente não faz bem à saúde!
Fábio!
ResponderExcluirComo você curte um suspense, hein?
Fico admirada, beijos.
oi Léia querida!
Excluirvaleu por seu comentário, realmente tenho uma queda por livros policiais e de suspense! começou como pesquisa para meu próprio livro, depois virou vício mesmo!
beijo!