quinta-feira, 2 de agosto de 2012

VIDA E MORTE DO REI JOÃO – William Shakespeare


Bom demais voltar a ler o Bardo!

O contato com a Arte alimenta a alma, faz nascer um sorriso sereno no mais íntimo do ser.

Durante essa leitura fiquei viajando muito sobre a Poesia, sobre a força que tem e o seu papel no mundo.

Uma fala poética nos conta muito mais do que o que a princípio se propõe a dizer. A poesia abre a porta para o maravilhoso, para um mundo mais amplo e verdadeiro que o “mundo mundo vasto mundo”. É como um portal para outra dimensão, uma dimensão espiritual e mais próxima da realidade do ser.



VIVA CAZUZA

Vou dar um exemplo que talvez não seja o mais adequado, mas foi o que me colocou na trilha dessa viagem poética. Estava pensando em Cazuza, de quem eu não gostava a princípio. Mas descobri a força da poesia pulsando em versos como:

“E por você eu largo tudo
Carreira, dinheiro, canudo”

“Quem sabe o príncipe virou um sapo
Que vive dando no meu saco”

“Eu ando na rua, eu passo um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro, tomo meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar”

Nesses e em outros versos, Cazuza fala com grande lirismo de situações sórdidas e pouco louváveis, fala de situações íntimas suas e as transforma em experiências universalizantes. É o portal da poesia!!! No caso de Cazuza, o seu talento e o seu chamado foi o de criar poesia a partir de situações bem pouco poéticas. No caso dele, a ironia tem um papel fundamental para abrir essa porta da percepção. Sentimos um sorriso irônico ao decifrar a mensagem oculta nesses versos de Cazuza: a promessa de largar a cocaína, a desilusão com um namorado gay que só quer ser passivo, a auto-ironia com a vida ociosa de filhinho de papai.

Citei esse exemplo de Cazuza pois foi através dele que tive um vislumbre desse “portal poético”, que faz a poesia ser maior que a vida!



Pois então!

Nenhum poeta houve como Shakespeare! Talvez Homero possa ombreá-lo, mas não superá-lo, certamente. Em Shakespeare a Poesia foi servida com excelência e brilhantismo inigualáveis!

E não estou falando de seus poemas hem! Estou falando da riquíssima linguagem poética que transborda de suas peças!

Ler uma peça de Shakespeare é uma profunda experiência poética. Sinto minha mente se alargando a cada nova metáfora estonteante, a cada nova imagem tão plena de sentido!

Realmente, Shakespeare é tão grande que é fácil duvidar que tenha sido um simples mortal.


REI JOÃO

Essa peça faz parte dos dramas históricos de Shakespeare, ambientada no reinado de João Sem Terra, irmão do famoso Ricardo Coração de Leão. Foi o rei João quem assinou a Magna Carta, limitando os poderes do monarca e marcando um novo movimento na história.

É uma tragédia menos conhecida, escrita nos primeiros anos de Shakespeare, mas onde podemos ver o seu gênio em ação. Os personagens saltam das páginas e ganham vida. O destaque vai para o Bastardo, filho ilegítimo de Ricardo Coração de Leão, que sempre rouba a cena quando aparece.

“Juro que nunca amei tanto a mim mesmo
como agora, ao me ver reproduzido
na tela aduladora desses olhos.”
(Luís, ato II)

“Vou ensinar à tristeza a ter orgulho,
que a dor é altiva e ao sofredor faz digno.
Os reis que me procurem nos domínios
da minha grande dor.”
(Constança, ato III)

“Tu, valente pequeno,
grande apenas nas torpezas.”
(Constança, ato III)

“Se ouvir o pior vos causa medo, então
sobre vós caia o pior, sem ser ouvido.”
(O Bastardo, ato III)

“Como ele, hei de correr e, assim, parar.
De que vale a mais fúlgida carreira,
se o que há pouco era rei, agora é poeira?”
(Príncipe Henrique, ato V)

2 comentários:

  1. Que vontade me deu de ler!
    Estou com uns livros atrasados mas este nao vou perder!
    com carinho e amizade de Monica

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  2. oi Mônica!!!
    ah que bom, leia sim, Shakespeare sempre é no mínimo maravilhoso!!!
    beijos

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