Que dia
feliz esse em que terminei pela terceira vez a leitura dos versos do Gita!
No meio
do campo de batalha, entre os dois exércitos prestes a se enfrentarem, Krishna
conversa com Arjuna e lhe explica os segredos do Universo. Literalmente é isso
que significa “Baghavad-Gita”: a “explicação do Senhor”. Deus conversa com o
homem, e responde todas as suas perguntas.
Precisa
dizer mais? Basta a linda fala final de Arjuna a Krishna (na tradução de Swami
Prabhupada):
“Meu
querido Krishna, ó Pessoa infalível, agora minha ilusão se foi. Recobrei minha
memória por Sua misericórdia, e agora estou firme e livre de dúvidas e estou
preparado para agir de acordo com Suas instruções.”
Após
conversar com Deus, Arjuna “recupera a memória”. Eu também quero lembrar, meu
Deus!
E é por
isso que continuarei lendo o Gita novamente, desde o princípio, com muita
alegria!
Hare
Krishna!
Sobre a
Tradução
Sou
muito grato à tradução de Swami Prabhupada, fundador da Sociedade Internacional
da Consciência de Krishna. Graças a essa maravilhosa edição com os caracteres
em sânscrito, a pronúncia e a tradução, tenho podido dar os meus primeiros
passos no aprendizado do sânscrito, também chamado de Devanagari ou “língua dos
deuses”. O sânscrito tem essa característica mágica de trazer a pronúncia no
próprio desenho da letra, o que torna o aprendizado meramente fonético algo
fácil e divertido! Tudo graças ao generoso “Guia do Alfabeto e da Pronúncia em
Sânscrito” que vem nessa mesma edição. É certamente o meu livro mais querido,
após anos de leituras diárias.
Por
tudo o que aprendi com essa edição do Gita, considero um dever para com o
aprendizado que obtive discordar da tradução feita por Swami Prabhupada para
algumas passagens.
Senti
esse dever ao ler “yoga” (literalmente “união”) e “diana" (“meditação”)
traduzidas reiteradas vezes como “transe místico”.
O
movimento fundado por Swami Prabhupada prioriza a prática do “Naamasmarana”, o
canto do Nome. Essa é uma prática extremamente feliz, indicada por grandes
mestres como Yogananda e Sai Baba. E inclusive já foi comprovado em
laboratório: 20 minutos diários cantando mantras melhoram a saúde, a
disposição, o intelecto, o humor e o astral.
Quem
quiser comprovar por si mesmo, basta cantar com a melodia que achar melhor um
mantra como “Baba Nam Kevalam” (“Tudo é Amor”, literalmente “Só o Nome do
Pai”). Esse é um mantra de poderoso efeito harmonizante.
O
problema da tradução foi Swami Prabhupada querer defender que somente o
“Naamasmarana” deve ser praticado, abolindo-se a prática da meditação.
O
argumento que justifica essa posição é estarmos na Kali Yuga, a era das trevas,
quando a capacidade humana de conexão com o divino está muito enfraquecida e os
homens somente conseguem perceber a matéria mais grosseira. Por isso o canto do
Nome funciona onde outras práticas não funcionam.
Pois
bem. Sai Baba também afirma que estamos na Kali Yuga, o que muito me
impressiona. Por outro lado, Swami Sri Yukteswar em seu livro “A Ciência
Sagrada” demonstra que essa ideia de que vivemos na Kali Yuga foi originada por
um erro de cálculo ocorrido durante a verdadeira Kali Yuga, que ocorreu entre
1.200 a.C. e 1.700 b.C., tendo seu ponto mais obscuro por volta de 500 b.C., a
hora mais sinistra da Idade Média.
Isso só
para citar que existem outras opiniões de outros grandes sábios a respeito
dessa questão da Kali Yuga. Pois a questão que importa aqui é a tradução.
Durante
o Gita, Krishna literalmente ensina a pessoa a meditar, descrevendo as
principais técnicas. Em várias passagens, a meditação é louvada por Krishna
como um valioso recurso para o homem alcançar a Deus.
Minha
opinião
Acho
que não devemos condenar nada sem antes procurar conhecer. Tive muito pouca
experiência com meditação ainda. Mas já foi o suficiente para considerar a
meditação o maior tesouro de minha vida! Não desejo provocar polêmicas, apenas
convidar as pessoas a experimentarem ler por si mesmas os textos sagrados.
Cante o
Nome do Senhor e medite! E reze um Pai-Nosso (o que é exatamente o mesmo), e
leia a Cabala, e faça uma oferenda aos Orixás! Faça o que for de seu coração, e
assim agradará a Deus!
Nenhuma
religião é melhor que a outra. Todas são muletas imperfeitas, que servem a seu
propósito somente até que o homem aprenda a andar de mãos dadas com o Deus
dentro dele mesmo. O ateísmo também é uma religião, pois é a crença na
não-existência de Deus. O agnosticismo também é uma religião, pois é a crença
na impossibilidade de alcançar a verdade.
Belíssimo texto!
ResponderExcluirBeijo