domingo, 16 de setembro de 2012

O BHAGAVAD-GITA (terceira leitura)




Que dia feliz esse em que terminei pela terceira vez a leitura dos versos do Gita!

No meio do campo de batalha, entre os dois exércitos prestes a se enfrentarem, Krishna conversa com Arjuna e lhe explica os segredos do Universo. Literalmente é isso que significa “Baghavad-Gita”: a “explicação do Senhor”. Deus conversa com o homem, e responde todas as suas perguntas.

Precisa dizer mais? Basta a linda fala final de Arjuna a Krishna (na tradução de Swami Prabhupada):

“Meu querido Krishna, ó Pessoa infalível, agora minha ilusão se foi. Recobrei minha memória por Sua misericórdia, e agora estou firme e livre de dúvidas e estou preparado para agir de acordo com Suas instruções.”

Após conversar com Deus, Arjuna “recupera a memória”. Eu também quero lembrar, meu Deus!

E é por isso que continuarei lendo o Gita novamente, desde o princípio, com muita alegria!

Hare Krishna!



Sobre a Tradução

Sou muito grato à tradução de Swami Prabhupada, fundador da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna. Graças a essa maravilhosa edição com os caracteres em sânscrito, a pronúncia e a tradução, tenho podido dar os meus primeiros passos no aprendizado do sânscrito, também chamado de Devanagari ou “língua dos deuses”. O sânscrito tem essa característica mágica de trazer a pronúncia no próprio desenho da letra, o que torna o aprendizado meramente fonético algo fácil e divertido! Tudo graças ao generoso “Guia do Alfabeto e da Pronúncia em Sânscrito” que vem nessa mesma edição. É certamente o meu livro mais querido, após anos de leituras diárias.

Por tudo o que aprendi com essa edição do Gita, considero um dever para com o aprendizado que obtive discordar da tradução feita por Swami Prabhupada para algumas passagens.

Senti esse dever ao ler “yoga” (literalmente “união”) e “diana" (“meditação”) traduzidas reiteradas vezes como “transe místico”.

O movimento fundado por Swami Prabhupada prioriza a prática do “Naamasmarana”, o canto do Nome. Essa é uma prática extremamente feliz, indicada por grandes mestres como Yogananda e Sai Baba. E inclusive já foi comprovado em laboratório: 20 minutos diários cantando mantras melhoram a saúde, a disposição, o intelecto, o humor e o astral.

Quem quiser comprovar por si mesmo, basta cantar com a melodia que achar melhor um mantra como “Baba Nam Kevalam” (“Tudo é Amor”, literalmente “Só o Nome do Pai”). Esse é um mantra de poderoso efeito harmonizante.

O problema da tradução foi Swami Prabhupada querer defender que somente o “Naamasmarana” deve ser praticado, abolindo-se a prática da meditação.

O argumento que justifica essa posição é estarmos na Kali Yuga, a era das trevas, quando a capacidade humana de conexão com o divino está muito enfraquecida e os homens somente conseguem perceber a matéria mais grosseira. Por isso o canto do Nome funciona onde outras práticas não funcionam.

Pois bem. Sai Baba também afirma que estamos na Kali Yuga, o que muito me impressiona. Por outro lado, Swami Sri Yukteswar em seu livro “A Ciência Sagrada” demonstra que essa ideia de que vivemos na Kali Yuga foi originada por um erro de cálculo ocorrido durante a verdadeira Kali Yuga, que ocorreu entre 1.200 a.C. e 1.700 b.C., tendo seu ponto mais obscuro por volta de 500 b.C., a hora mais sinistra da Idade Média.

Isso só para citar que existem outras opiniões de outros grandes sábios a respeito dessa questão da Kali Yuga. Pois a questão que importa aqui é a tradução.

Durante o Gita, Krishna literalmente ensina a pessoa a meditar, descrevendo as principais técnicas. Em várias passagens, a meditação é louvada por Krishna como um valioso recurso para o homem alcançar a Deus.


Minha opinião

Acho que não devemos condenar nada sem antes procurar conhecer. Tive muito pouca experiência com meditação ainda. Mas já foi o suficiente para considerar a meditação o maior tesouro de minha vida! Não desejo provocar polêmicas, apenas convidar as pessoas a experimentarem ler por si mesmas os textos sagrados.

Cante o Nome do Senhor e medite! E reze um Pai-Nosso (o que é exatamente o mesmo), e leia a Cabala, e faça uma oferenda aos Orixás! Faça o que for de seu coração, e assim agradará a Deus!

Nenhuma religião é melhor que a outra. Todas são muletas imperfeitas, que servem a seu propósito somente até que o homem aprenda a andar de mãos dadas com o Deus dentro dele mesmo. O ateísmo também é uma religião, pois é a crença na não-existência de Deus. O agnosticismo também é uma religião, pois é a crença na impossibilidade de alcançar a verdade.

Um comentário:

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