quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O SILÊNCIO DA CHUVA – Luiz Alfredo Garcia-Roza



Esse é o primeiro romance policial de Luiz Alfredo Garcia-Roza, pelo qual ele recebeu os prêmios Nestlé e Jabuti. Aqui somos apresentados ao inspetor Espinosa, policial lotado na 1ª DP na Praça Mauá, apaixonado por livros e com uma rica e fantasiosa imaginação.

Há muito tempo queria ler Garcia-Roza, e fiquei muito feliz pela oportunidade de finalmente saciar a minha curiosidade. Por ser um autor brasileiro de romances policiais, espécime raro, nutria sobre ele e sobre sua obra uma grande expectativa.

Terminei a leitura sem saber direito o que pensar. Boa parte dessa reação, creio, deve-se à minha própria postura ao ler. Fiquei tão empolgado por poder estudar um autor de policiais nacional que esse foi o maior foco de minha leitura. Fiquei atento demais à técnica, ao uso de recursos, aos truques e também às falhas e limitações. A cada página, sentia muito forte e presente a personalidade do autor, me senti travando com ele um contato íntimo e prolongado.

E o resultado foi que não me concentrei tanto na história em si! Acho que tem elementos para agradar e também para desagradar os leitores, dependendo de seu perfil. Pontos fortes que percebi: a originalidade na apresentação do crime, cenário e personagens brasileiros, mais próximos de nossa realidade, a narrativa leve e fácil de ler. Pontos fracos: essa mesma originalidade na apresentação do mistério e da solução, algumas questões de verossimilhança e principalmente o final abrupto demais, em minha opinião.

Resumindo: eu gostei do livro, mas não creio que todos gostem.


Quanto à experiência de aprendizado, foi fantástica!!! Fiquei totalmente absorvido, como raramente acontece em uma leitura.

Poderia escrever um livro só contando o que aprendi sobre “a arte de escrever romances policiais” ao ler Garcia-Roza, mas acabaria cometendo muitos spoilers...

Vou me restringir a dois comentários então.

Primeiro: a comparação com Rubem Fonseca é inevitável. Senti a influência de Fonseca, sim. Mas Garcia-Roza soube desenvolver um estilo próprio.

Segundo: um ponto alto na narrativa é o cenário do Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa quase figura como também uma personagem do livro. Para mim foi saborosíssimo esse detalhe do romance, pois muitos dos lugares citados são bem conhecidos por mim, que morei 20 anos no Rio. Mas esse mesmo detalhe teve um lado desagradável, pois julguei perceber em Garcia-Roza um certo esnobismo involuntário. Penso que ao escrever seu primeiro romance ele conhecia bem a zona sul e o centro, mas praticamente nada dos subúrbios. E nessa acabou pintando o Méier com algumas cores irreais, que revelam o seu desconhecimento. Mas é coisa só para quem conhece bem o Rio perceber. Achei esse um ponto fraco principalmente porque em sequência a uma crítica social que o autor faz ele mesmo torna-se alvo de sua crítica, ao mostrar seu preconceito de forma inconsciente (por acreditar que quem mora no Méier não sabe o que é praia, por exemplo).

No total, foi uma experiência muito agradável e instrutiva ler esse livro! Mad queridão, valeu demais!!!!!!!!!!!!!!! Breve começarei a ler “Achados e Perdidos”!!!

E viva a nossa produção nacional!!!



***///***
Aproveito para convidar você a conhecer o meu livro, O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI

Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/
 
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...