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de Terror... ou de Tédio???
Encontrei
três explicações para ter achado esse livro tão chatinho:
1) Mudou o
leitor
Evidentemente
não sou mais o adolescente viciado em medo, que tinha Stephen King como o
grande autor de nosso século... Há muito tempo que o gênero do horror deixou de
ser meu favorito, e me agrada cada vez menos... Pois os livros e filmes de
terror acabam caindo na dicotomia: ou não cumprem o que prometem e acabam
entediando ao invés de assustar (como foi o caso desse livro), ou, quando
conseguem assustar, pior ainda, pois se isso acontece é porque são tão doentios
que melhor seria se não existissem!
2) Mudou o autor
Li
o “Livros de Sangue I” duas vezes, e gostei muito! Considero Clive Barker o
herdeiro espiritual de Allan Poe, e esse primeiro volume de sua longa antologia
de contos de terror prova isso. Só que parece que o combustível criativo foi
acabando... Li o volume II com grande decepção, e esse volume IV, ao contrário
do caso do Black Sabbath, jamais será um clássico, com suas histórias
fraquinhas, previsíveis e mais ridículas que aterrorizantes. A melhorzinha é a
última história, “A Idade do Desejo”, e assim mesmo está longe do padrão
criativo do primeiro volume.
3) Mudou o mundo
Já
viajei muito sobre o gênero do terror, que considero um sucedâneo da
espiritualidade em uma época materialista e tecnológica. Privada de um anseio
muito essencial e profundo, que é a busca espiritual, a alma tem de se
contentar com o placebo de historietas de terror, que representam o contato
possível e socialmente aceito com o sobrenatural, quando a genuína busca do
sagrado é condenada como superstição. Observe-se que o gênero do terror
floresceu justamente após o advento da Revolução Industrial, que convenceu o
macho adulto europeu de que Deus era algo dispensável em sua cartilha... Só que
isso também já está ultrapassado, e hoje vivemos em um mundo de transformações
vertiginosas, em que a própria tecnologia (leia-se Internet) traz revelações
por minuto que sacodem tudo o que é sólido e desmancha no ar. Em um mundo sob a
sombra de teorias genocidas da conspiração, com a progressiva descoberta de que
tudo o que sabemos através dos meios oficiais não passa de mentira descarada,
como se assustar com historinhas infantis de fantasmas, zumbis e vampiros? O
próprio Clive Barker expressa claramente essa derrocada do gênero de terror, na
melhor passagem de seu livro:
“Que imagens
triviais os populistas conjuravam para instilar algum medo em suas plateias. Os
mortos-vivos; a natureza crescendo e perdendo o controle num mundo em
miniatura; bebedores de sangue, profecias, tempestades e todas as outras
bobagens perante as quais o público se encolhia. Era tudo tão risivelmente
bobo: no meio daquele catálogo de terrores baratos não havia um que se
igualasse à banalidade do apetite humano, cujo horror (ou suas consequências)
ele via toda semana de sua vida de trabalho.”
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ANUNNAKI – Mensageiros do Vento
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