sábado, 25 de janeiro de 2014

LIVROS DE SANGUE IV – Clive Barker



T de Terror... ou de Tédio???

Encontrei três explicações para ter achado esse livro tão chatinho:

1) Mudou o leitor
Evidentemente não sou mais o adolescente viciado em medo, que tinha Stephen King como o grande autor de nosso século... Há muito tempo que o gênero do horror deixou de ser meu favorito, e me agrada cada vez menos... Pois os livros e filmes de terror acabam caindo na dicotomia: ou não cumprem o que prometem e acabam entediando ao invés de assustar (como foi o caso desse livro), ou, quando conseguem assustar, pior ainda, pois se isso acontece é porque são tão doentios que melhor seria se não existissem!

2) Mudou o autor
Li o “Livros de Sangue I” duas vezes, e gostei muito! Considero Clive Barker o herdeiro espiritual de Allan Poe, e esse primeiro volume de sua longa antologia de contos de terror prova isso. Só que parece que o combustível criativo foi acabando... Li o volume II com grande decepção, e esse volume IV, ao contrário do caso do Black Sabbath, jamais será um clássico, com suas histórias fraquinhas, previsíveis e mais ridículas que aterrorizantes. A melhorzinha é a última história, “A Idade do Desejo”, e assim mesmo está longe do padrão criativo do primeiro volume.

3) Mudou o mundo
Já viajei muito sobre o gênero do terror, que considero um sucedâneo da espiritualidade em uma época materialista e tecnológica. Privada de um anseio muito essencial e profundo, que é a busca espiritual, a alma tem de se contentar com o placebo de historietas de terror, que representam o contato possível e socialmente aceito com o sobrenatural, quando a genuína busca do sagrado é condenada como superstição. Observe-se que o gênero do terror floresceu justamente após o advento da Revolução Industrial, que convenceu o macho adulto europeu de que Deus era algo dispensável em sua cartilha... Só que isso também já está ultrapassado, e hoje vivemos em um mundo de transformações vertiginosas, em que a própria tecnologia (leia-se Internet) traz revelações por minuto que sacodem tudo o que é sólido e desmancha no ar. Em um mundo sob a sombra de teorias genocidas da conspiração, com a progressiva descoberta de que tudo o que sabemos através dos meios oficiais não passa de mentira descarada, como se assustar com historinhas infantis de fantasmas, zumbis e vampiros? O próprio Clive Barker expressa claramente essa derrocada do gênero de terror, na melhor passagem de seu livro:

“Que imagens triviais os populistas conjuravam para instilar algum medo em suas plateias. Os mortos-vivos; a natureza crescendo e perdendo o controle num mundo em miniatura; bebedores de sangue, profecias, tempestades e todas as outras bobagens perante as quais o público se encolhia. Era tudo tão risivelmente bobo: no meio daquele catálogo de terrores baratos não havia um que se igualasse à banalidade do apetite humano, cujo horror (ou suas consequências) ele via toda semana de sua vida de trabalho.”


  
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ANUNNAKI – Mensageiros do Vento


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