Já
perdi a conta dos livros de Agatha Christie que reli com gosto, para ser
novamente ludibriado no final, por conta de não me lembrar da solução do crime.
Já nesse livro, o primeiro escrito por Agatha, seria muito difícil esquecer a
elucidação do mistério, um dos mais originais já tramados na literatura
policial. Por isso mesmo, eu hesitava em reler esse, até que decidi justamente saborear
essa perspectiva, que é saber desde o início qual é o final.
Gostei
imensamente dessa experiência, não tanto pela devida apreciação da habilidade
da autora em apresentar suas pistas e despistes, mas pelo fato mesmo de ser o
primeiro livro da autora, e também a primeira aparição de sua mais famosa
criação, o detetive Hercule Poirot. Foi muito interessante observar como de
modo geral os pontos fortes de Agatha já estão presentes nessa primeira obra,
assim como perceber o quanto ela foi aprimorando os detalhes de sua escrita.
Cito
dois exemplos que mais me chamaram a atenção: nas obras posteriores, Hercule
Poirot irá conduzir com muito mais sutileza e astúcia os seus despistes,
enquanto aqui ele deliberadamente se recusa a revelar seus pensamentos ao seu
companheiro narrador Hastings, sem nenhuma justificativa além de guardar suas
cartas para o final. Nos livros seguintes Agatha aprendeu a fazer Poirot dizer
sem dizer de forma muito mais eficiente, penso eu.
Outro
ponto é o acirrado etnocentrismo da autora, que em ocasiões futuras chegaria a
ser utilizado de forma cômica, como um caricatural preconceito dos personagens
contra estrangeiros. Aqui, ainda não existe esse domínio, e a autora deixa
escapar uma concepção vaga de um grupo de belgas exilados, que não chegam a
sequer receberem a dignidade de um nome. O leitor não descobre nem mesmo
quantos são os tais belgas: um belga abre a porta, outro vai chamar Poirot etc.
Também
achei curiosa a transformação de Poirot, que nessa estreia aparece como um
exilado estrangeiro que é acolhido pela filantropia inglesa, morando de favor
em casa cedida, junto com os seus anônimos compatriotas. O sucesso desse livro
determinou também um êxito financeiro para Poirot, que nas obras seguintes já
aparece como um gentleman bem estabelecido, com direito até a um fiel criado,
como todo cavalheiro inglês que se preza.
Independentemente
dessas considerações, “O Misterioso Caso de Styles” é sem dúvida um dos
melhores livros de Agatha, diversão garantida para quem gosta de um bom romance
policial.
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O SINCRONICÍDIO – Fabio
Shiva
“E foi assim que descobri que a inocência é
como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”
Haverá
um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a
cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia
reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do
Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia
de Homicídios, está marcado para morrer.
“Era para sermos centelhas
divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”
Suspense,
erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo.
Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo
(clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das
Mutações. Um romance de muitas possibilidades.
Leia
e descubra porque O Sincronicídio
não para de surpreender o leitor.
Livro físico:
Book trailer:
Muito bem! Adorei :)
ResponderExcluirBeijo e um excelente dia!
Gratidão!
ExcluirBeijos