segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O MISTERIOSO CASO DE STYLES – Agatha Christie



Já perdi a conta dos livros de Agatha Christie que reli com gosto, para ser novamente ludibriado no final, por conta de não me lembrar da solução do crime. Já nesse livro, o primeiro escrito por Agatha, seria muito difícil esquecer a elucidação do mistério, um dos mais originais já tramados na literatura policial. Por isso mesmo, eu hesitava em reler esse, até que decidi justamente saborear essa perspectiva, que é saber desde o início qual é o final.

Gostei imensamente dessa experiência, não tanto pela devida apreciação da habilidade da autora em apresentar suas pistas e despistes, mas pelo fato mesmo de ser o primeiro livro da autora, e também a primeira aparição de sua mais famosa criação, o detetive Hercule Poirot. Foi muito interessante observar como de modo geral os pontos fortes de Agatha já estão presentes nessa primeira obra, assim como perceber o quanto ela foi aprimorando os detalhes de sua escrita.

Cito dois exemplos que mais me chamaram a atenção: nas obras posteriores, Hercule Poirot irá conduzir com muito mais sutileza e astúcia os seus despistes, enquanto aqui ele deliberadamente se recusa a revelar seus pensamentos ao seu companheiro narrador Hastings, sem nenhuma justificativa além de guardar suas cartas para o final. Nos livros seguintes Agatha aprendeu a fazer Poirot dizer sem dizer de forma muito mais eficiente, penso eu.

Outro ponto é o acirrado etnocentrismo da autora, que em ocasiões futuras chegaria a ser utilizado de forma cômica, como um caricatural preconceito dos personagens contra estrangeiros. Aqui, ainda não existe esse domínio, e a autora deixa escapar uma concepção vaga de um grupo de belgas exilados, que não chegam a sequer receberem a dignidade de um nome. O leitor não descobre nem mesmo quantos são os tais belgas: um belga abre a porta, outro vai chamar Poirot etc.

Também achei curiosa a transformação de Poirot, que nessa estreia aparece como um exilado estrangeiro que é acolhido pela filantropia inglesa, morando de favor em casa cedida, junto com os seus anônimos compatriotas. O sucesso desse livro determinou também um êxito financeiro para Poirot, que nas obras seguintes já aparece como um gentleman bem estabelecido, com direito até a um fiel criado, como todo cavalheiro inglês que se preza.

Independentemente dessas considerações, “O Misterioso Caso de Styles” é sem dúvida um dos melhores livros de Agatha, diversão garantida para quem gosta de um bom romance policial.



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O SINCRONICÍDIO – Fabio Shiva
 “E foi assim que descobri que a inocência é como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”
Haverá um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia de Homicídios, está marcado para morrer.
“Era para sermos centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”
Suspense, erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo. Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo (clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações. Um romance de muitas possibilidades.
Leia e descubra porque O Sincronicídio não para de surpreender o leitor.
 
Livro físico:
 
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