Existem muitos motivos para admirar esse livro. Começando pela coragem de
abordar um tema tão difícil em uma obra destinada ao público infantojuvenil: crianças
desaparecidas. Como informa o autor no apêndice, há somente em nosso país “200
mil pessoas sumidas a cada ano / entre 10% e 15% dos casos ou nunca são
solucionados ou têm como consequência a morte do desaparecido”. E os dados
assustadores continuam: “Estima-se que quatro crianças com menos de doze anos
desapareçam todos os dias no Brasil.”
Diante de informações tão alarmantes, fica mais do que evidente a necessidade desse livro, “um relato ficcional sobre uma história muito real para muitas pessoas”. Dificilmente, contudo, o que é necessário é também fácil ou simples. Li “O DIA EM QUE LUCA NÃO VOLTOU” em crescente estado de angústia. Imagino a carga emocional que não deve ter representado para Luís Dill a tarefa de escrever esse livro.
Mesmo porque trata-se um texto de muito engenho e arte. Começando pela exibição do título dos capítulos logo ao começo do livro:
1. AS HORAS SEGUINTES
2. OS DIAS SEGUINTES
3. AS SEMANAS SEGUINTES
4. OS MESES SEGUINTES
5. OS ANOS SEGUINTES
Essa é outra decisão corajosa do autor, que deliberadamente abre mão de explorar o suspense fácil (Luca irá voltar? O que aconteceu com ele?), em nome de uma meta mais elevada e muitíssimo mais difícil. Parece que o desafio já é grande o suficiente, mas Dill está disposto a ousar mais ainda, ao estruturar sua narrativa de forma inovadora, em longos parágrafos com os diálogos embutidos na narração em primeira pessoa, novamente escolhendo o caminho mais árduo ao dispensar os travessões que ventilam o texto e facilitam a leitura para os leitores iniciantes.
E quando mergulhamos nas páginas de O DIA EM QUE LUCA NÃO VOLTOU, em meio a tantas demonstrações de coragem, algo vai ficando muito claro: Luís Dill é um escritor e tanto. Se ele comete tantas ousadias, é porque cacife não lhe falta para isso. A narrativa flui com muita sensibilidade, com a história sendo contada pelo ponto de vista de Everaldo, o Dô, filho da empregada doméstica que trabalha na casa dos pais de Luca, e que é também seu amigo, até pelo fato de os dois estarem na mesma faixa etária. Como pano de fundo ao tema principal, do desaparecimento de Luca, Dill vai apresentando diferentes matizes de dramas paralelos, que traçam um contexto social e emocional para a tragédia.
Com mais de 50 livros publicados, Luís Dill é um autor versátil e muito talentoso. Dele eu já li uma obra completamente diferente, o excelente suspense “SAFÁRI” (http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2018/05/safari-luis-dill.html). Amo ver um autor ser capaz de transitar com tanta habilidade em obras tão diversas. Claro que pretendo ler muitos outros livros dele! E salve a nossa Literatura Brasileira!
\\\***///
FAVELA
GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
Durante
esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única
garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade
preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais
luminoso e solidário.
O
livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do
cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos
tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos
mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo
das Trevas para a Luz.
A
versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na
tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor
e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o
PDF de todo o livro.
Fique
à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.
Leia
ou baixe todo o livro no link abaixo:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
Link do livro no SKOOB:
https://www.skoob.com.br/livro/840734ED845858
Book
trailer
Entrevista sobre o livro na
FM Cultura
Nenhum comentário:
Postar um comentário