terça-feira, 7 de junho de 2011
O caçador de pipas - Khaled Hosseini
Não quero chover no molhado, nem comentar o que já foi amplamente divulgado. O livro é absolutamente emocionante. Trata da história de dois amigos de infância, Amir e Hassan. Tem todos os clichês que fazem a festa dos noveleiros de plantão, mas há algo que nos toca profundamente: o poder da redenção, a possibilidade de expiarmos nossos erros.
Hassan é digno e corajoso, possui lábio leporino, é pobre e da etnia hazara (considerada, no Afeganistão, uma etnia inferior, de empregados). Amir é rico, mimado, invejoso e covarde, mas sua etnia pashtun é a que comanda o país. Feita as devidas apresentações e definidos os lados, maniqueisticamente, desenvolve-se a história, por sinal, maravilhosa.
Por incrível que pareça, são as atitudes de Hassan criança que definem a personalidade de Amir, durante a batalha das pipas, muito popular e prestigiada no Afeganistão. Porém, um episódio humilhante põe fim à grande amizade: Amir vê Hassan ser violado por um garoto rico do bairro, e não faz nada para ajudá-lo. A culpa vai acompanhá-lo até a vida adulta.
Permeando essa história de amizade e traição, temos o final da monarquia no Afeganistão e as atrocidades infligidas atualmente pelo regime Talibã. Enfim, uma aula sobre o Oriente Médio. Talvez, a única coisa que devamos tratar com cautela é o excessivo endeusamento dado aos americanos, contra o golpe comunista e a invasão soviética. Mas isso é uma questão de ponto-de-vista, não nos impede de saborear este romance.
Alguém que já disse ou ouviu essa frase: "Por você, faria isso mil vezes!" - saberá a força contida nesse romance.
Observação: já chegaram ao fim as gravações do filme baseado nesta obra. As famílias das protagonistas (crianças) perderam os empregos e tiveram que fugir de casa com medo de ser seqüestrados ou assassinados. A represália se deve à cena de estupro do filme, na qual a vítima pertence à etnia hazara, considerada inferior no país por décadas e agora detentora do poder. Preciso falar mais?
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"Por você, faria isso mil vezes!"
ResponderExcluirNossa, só de ler essa frase já fico emocionada. Realmente, quem já leu o livro conhece o significado imenso contido nela. Amir e Hassam são dois personagens que me enterneceram demais. Hassam, pela sua coragem, inocência e fidelidade sem limites. Amir, embora nos revolte em algumas passagens, sofreu uma das piores dores: a do arrependimento. É triste também verificar como o povo afegão já sofreu, principalmente ao ler o segundo livro de Hosseini, A Cidade do Sol, que acompanha as mudanças de comando do Afeganistão. Bem, mas isso é assunto para outra resenha, né? :-)
Li esse livro há algum tempo, e confesso que o comecei por simples teimosia... queria provar que eu não curtia esse tipo de literatura, mas ao avançar as páginas paguei minha língua!
ResponderExcluirMuito bom mesmo, e mesmo sendo um tanto melodramático demais (uma perfeita novela, como bem citou aí em cima) ele tem algo mais...
Eu tenho tanto o que escrever a respeito desse livro... mas o que mais me encantou nele foi o amor: "Por você, eu faria isso mil vezes".
ResponderExcluirJá percebi que esta frase é o cerne de todo o livro, como vocês todos me emocionei "mil vezes" também. Será que há coisa mais bela para um escritor do que emocionar o leitor? Acho que não e por isso mesmo este livro é mágico e deve ser lido e nunca esquecido.
ResponderExcluirEu li e me emocionei também. A Cidade do Sol também é lindo!
ResponderExcluirMe senti um pouco desconfortavel com a vergonha e covardia sentidos pelo personagem principal, por talvez ser um espelho de minhas falhas?
Cara Tatinda, muitas vezes nos identificamos com um personagem. Suas angústias e faltas nos atingem como um canhão. Também aconteceu comigo, costumo dizer que sou precavido e não covarde, mas a linha que separa os dois é muito tênue.
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