É
sempre um dia especial quando terminamos de ler um livro grosso! Passamos muito
tempo entre as páginas daquele pesado volume, que foi se tornando folha a folha
tão conhecido nosso. E é tanto que é como se deixássemos uma parte de nós
dentro do livro, ao fim da última página. E é então que sentimos esse
sentimento sem nome, ao menos em nosso idioma: mistura de alegria e tristeza,
de triunfo e saudade. Só quem lê conhece.
Passei
setembro e outubro mergulhado nessas 627 páginas de letras miúdas como formigas
pretas numa bula de remédio (isso é o que eu chamo de misturar metáforas
rarara!).
Pois
então. Três coisas legais aprendi com esse livro (fora do maravilhamento todo
que foi ler oito peças de Shakespeare em sequência)!
Essas
três coisas são:
1)
Nunca desmereça o valor de um texto, por pior que lhe pareça.
Em seu
excelente prefácio, o tradutor Carlos Alberto Nunes conta várias passagens
interessantes sobre a vida de Shakespeare. Logo quando ele começou a se tornar
conhecido, foi desprezado e execrado por outros autores teatrais, por não possuir
formação acadêmica. Um certo lorde da época não queria a princípio que o Folio
com as peças de Shakespeare fizesse parte de sua seleta biblioteca (que depois
tornou-se famosa justamente por possuir o tal Folio).
Hoje
Shakespeare é um gênio inabalável. Ele só deixará de ser o maior escritor de
todos os tempos com o fim de nossa civilização. E os lordes arrogantes entraram
para a história como uns grandes duns bobões!
2) Um
livro só está vivo em dois momentos. Quando é escrito e quando está sendo lido.
Fora disso ele simplesmente existe.
Adquiri
esse livro em um sebo. A edição é relativamente antiga, meu chute é algo entre
final da década de 80 e início da de 90. O exemplar que adquiri nunca havia
sido lido. Ao mergulhar em tantas emoções da leitura de Shakespeare, por várias
vezes me admirei que aquele livro tivesse existido tantos anos sem jamais dar a
um ser humano a alegria que eu estava experimentando. Agora que eu estava
lendo, o livro também estava vivo.
3) A
melhor maneira de evitar problemas de tradução é lendo os autores nacionais
Viajei
muitíssimo na tradução de Carlos Alberto Nunes, acho que valeu por um curso de
tradução, se é que existe tal coisa.
Ele por
sua vez fez uma viagem muito linda, muito fiel a sua proposta, muito autêntica.
Ele
optou por privilegiar a cadência e a musicalidade das peças de Shakespeare!
Quem poderia condená-lo?
Ficou
lindo o resultado, mas era como se só ¼ do original estivesse sendo mostrado,
deixando ¾ escondidos.
Outras
traduções posteriores, creio, foram mais felizes. Ainda assim, a meta suprema
só poderá ser revelar ¾ do original e conformar-se com ¼ deixado oculto (e
principalmente acrescentando o mínimo da própria subjetividade do tradutor,
tarefa hercúlea e virtualmente impossível).
Resumindo
a ópera:
* O
melhor estímulo para se aprender inglês é começar a ler Shakespeare.
* Feita
essa descoberta, olha que outra muito mais interessante! A beleza total de
Shakespeare só pode ser percebida em seu idioma original, o inglês. Da mesma
forma, a beleza total de Machado de Assis, por exemplo, só pode ser sentida em
português. Assim como tantos outros brasileiros, portugueses, angolanos,
moçambicanos etc geniais!
Uma boa
forma de fazer a mente crescer é ler obras clássicas de nosso próprio idioma!
Quem diria,
amar tanto Shakespeare me fez defender a literatura nacional!!!
E viva
Shakespeare!!!
Shakespeare como amo a escrita desse dramaturgo poderia ser até mil páginas mais eu leria com muito prazer. É um verdadeiro revolucionário da linguagem inglesa. Você estar de parabéns por esse blog e muito obrigado pelo os comentários lá no meu cantinho. Mil beijos
ResponderExcluiroi Wanderléa!
ResponderExcluirvaleu pelo carinho e pelas boas energias e viva nosso amado Shakespeare!
beijos
Obrigada hihihi (:
ResponderExcluirNós que agradecemos, Catarina!!!
ExcluirOi Morgan, valeu pela visita e pelas palavras!
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog, gostei muito!!!
abração
À exceção do original, qual tradução de Shakespeare você recomenda?
ResponderExcluirÀ exceção do original, qual tradução de Shakespeare você recomenda?
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