quinta-feira, 30 de setembro de 2021

DE TODO O MEU CORAÇÃO: CEM POEMAS DE AMOR – Sonia Regina Villarinho

 


Existem muitos motivos para se encantar com “De Todo o Meu Coração: cem poemas de amor”, de Sonia Regina Villarinho. Começando, é claro, pelos próprios poemas em si, escritos com esmero e sensibilidade. Creio que muitos corações apaixonados encontrarão nas páginas desse livro aquele verso preciso e certeiro, que tem o poder de expressar em palavras os mais recônditos sentimentos.

Certamente não é por acaso essa vocação da poeta, de ser a porta-voz dos enamorados. Pois ela investiga, com a minúcia e o capricho de uma aluna estudiosa, todas as nuances do amor de par, em suas dores e alegrias, em suas alturas e abismos. Ler os poemas de Sonia Regina Villarinho é embarcar em uma montanha-russa de emoções.

Eu, pessoalmente, fiquei impressionado com o ritmo secreto que emana dos poemas de Sonia. Tal como o martelar inconsciente das batidas do coração, os versos são regidos por pulsações constantes, que vão embalando as palavras de amor em um suave bailado. Quase lemos os poemas marcando os compassos com um dedo ou com o pé, como se estivéssemos ouvindo uma bela canção. Apreciei muito também um recurso bem utilizado por Sonia e que vem se tornando raro nos poemas contemporâneos: a chamada “chave de ouro”, que encerra o poema expressando sua ideia central de forma surpreendente. Junto com o ritmo e as rimas, o uso da “chave de ouro” insere Sonia Regina Villarinho, ao meu ver, na nobre escola dos poetas de outrora.

Falei tanto sobre os versos que quase falta espaço para louvar a linda apresentação gráfica do livro, conduzida com brilhantismo por Sergio Carmach, editor da Verlidelas. Tive a honra e a alegria de participar do processo editorial, e dou testemunho do amoroso trabalho que foi feito em todas as etapas, começando pelas várias versões da capa, todas igualmente lindíssimas, até que se chegasse à que servia como um perfeito espelho para o coração da autora. Esse cuidado amoroso está também presente nos detalhes, desde as ilustrações em marca d’água na página que traz o título de cada poema até a própria escolha da fonte cursiva, que traduz o desejo da poeta de presentear seus leitores com um caderno escrito à mão, tal qual os originais de onde foram extraídos esses “cem poemas de amor”.

Durante o processo editorial tive a grata oportunidade de conversar muitas vezes pelo WhatsApp com Sonia, que hoje considero uma amiga muito querida. E esse foi para mim um ganho inesperado e precioso, de travar contato com uma pessoa tão doce, tão gentil, tão plena de luzes. Fiquei comovidíssimo com as lindas e inspiradoras histórias de seus tempos de professora, e espero que um dia ela atenda aos meus insistentes pedidos e coloque essas histórias no papel, seja em forma de poemas, crônicas ou mesmo de um romance autobiográfico. O mundo precisa desesperadamente dessas delicadezas.


   

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– CURA POÉTICA 2 –

 

Inscrições abertas

Premiação de R$ 500,00 para o melhor poema

https://www.verlidelas.com/cura-poética-2

 

Organizada por Fabio Shiva e Sergio Carmach, esta antologia será a quarta da série “Delirium Liricus”, que compara cada poesia a uma pílula, classificando-as como remédios (quando mais otimistas), venenos (quando mais pessimistas) e placebos (quando feitas para divertir, encantar).

 

Sendo a poesia uma ótima forma de se curar feridas da alma, a antologia “Cura Poética 2” é mais uma oportunidade para os poetas extravasarem o que trazem dentro de si nessa longa época de incertezas em que vivemos. Componha sua poesia - seja ela um remédio, um veneno ou um placebo - e nos envie.

 

Confira o edital:

https://www.verlidelas.com/cura-poética-2

 

Teaser:

https://youtu.be/mJlL7Eqa__M


 

 

terça-feira, 28 de setembro de 2021

CEM GRAMAS DE CENTEIO – Agatha Christie

 


Em minha opinião, uma das melhores aventuras da querida Miss Marple! “Cem Gramas de Centeio” tem tudo o que os fãs de Agatha Christie tanto amam, começando pelos assassinatos inspirados em versinhos infantis:

“Reparem que canção mais singela:

Com cem gramas de centeio

E vinte melros de recheio

Basta fechar a panela

E esperar que se ponham a cantar

Uma torta tão bonita não faria o rei vibrar?

Enquanto ele no escritório, o dia inteiro,

Pensa só em ganhar dinheiro,

A rainha na sala sozinha

Come o pão com mel que lhe trazem da cozinha.

A criada, no quintal, estende a roupa, feliz,

Até que um passarinho safado lhe morde o nariz.”

Achei que os versos se adequaram tão bem à trama, que cheguei a suspeitar que a própria Agatha os havia inventado. Mas uma rápida pesquisa na Internet mostrou que se trata de um dos famosos poemas da Mamãe Ganso, “Sing a song of sixpence” (https://www.poetryfoundation.org/poems/42900/sing-a-song-of-sixpence). Esse uso de cançonetas infantis é um tema recorrente em Agatha, rendendo algumas de suas melhores histórias, como “E Não Sobrou Nenhum” (antigo “O Caso dos Dez Negrinhos”), “A Casa Torta” e “Os Cinco Porquinhos”. A ideia é mesmo interessante, e me pergunto se algum escritor brasileiro já experimentou contar uma história de mistério a partir do mote de “Boi da Cara Preta” ou de “O Cravo Brigou com a Rosa”...

Mas “Cem Gramas de Centeio” tem muitos outros atrativos. Tem um bom número de mortes ocorridas em situações misteriosas, com um número razoável de personagens em posições suspeitas, enquanto outros (o que é melhor ainda) possuem supostos álibis que se mostrarão insuficientes, diante do aparecimento de novas pistas. Tem o carismático Inspetor Neele como coadjuvante de Miss Marple (acho que ele aparece novamente, anos mais tarde, já promovido a Inspetor Chefe, como amigo de Hercule Poirot em “A Terceira Moça”, que pretendo reler em seguida). Tem Miss Marple afiadíssima como “anjo vingador” e exercitando seu pessimismo inato a respeito da natureza humana:

“Sempre penso no pior. O mais triste é que em geral se acaba tendo razão.”


E tem, principalmente, Agatha Christie fazendo o que faz melhor: levando as regras do romance policial até o seu limite, com o objetivo de ludibriar (e encantar) o leitor. Aqui, como em suas melhores tramas, Agatha não chega propriamente a quebrar nenhuma regra, mas dá aquela forçadinha básica, que acaba trazendo brilhantismo à solução do enigma. Não é uma analogia perfeita, mas o que me ocorre é o famoso “gol de mão” feito por Maradona na copa do mundo de 1986... o resultado é que os fãs vão ao delírio!

Seja de mão, de pé ou de cabeça, em um mistério de Agatha Christie é quase certo que teremos gols de placa!

E de quebra, ainda recolhi essa bela citação:

“Nenhuma questão fica resolvida enquanto não for resolvida direito. Quem disse isso foi Kipling. Hoje em dia ninguém mais lê Kipling, mas ele foi um grande homem.”

 

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FAVELA GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Durante esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais luminoso e solidário.

 

O livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo das Trevas para a Luz.

 

A versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o PDF de todo o livro.

 

Fique à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.

 

Leia ou baixe todo o livro no link abaixo:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Link do livro no SKOOB:

https://www.skoob.com.br/livro/840734ED845858

 

Book trailer

https://youtu.be/FjoydccxJGA


 

Entrevista sobre o livro na FM Cultura

https://youtu.be/IuZBWIBYeHE


Resenha (Perpétua):

https://youtu.be/4Vm4YUoU-SM



domingo, 26 de setembro de 2021

CONTOS PREMIADOS 1 – William Abrahams (org.)

 


No primeiro andar do Mercado Municipal de Itapuã, no piso destinado ao artesanato, funciona um lindo espaço para doação e troca de livros, organizado com muito carinho pela querida Nélia. Para lá levei um ótimo livro que tinha acabado de ler, “Os Melhores Contos de O. Henry” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2021/08/os-melhores-contos-de-o-henry.html), onde aprendi que desde 1920 existe nos Estados Unidos o “O. Henry Award” um respeitado prêmio destinado a contos surpreendentes. Pois então, imagine a minha surpresa ao encontrar nessa mesma estante do Cantinho dos Livros justamente essa coletânea de contos vencedores do Prêmio O. Henry! Por conta dessa baita sincronicidade, percebi que devia ler esse livro, que levei para casa.

Tive muitas percepções durante a leitura, em sua maioria movidas pelo senso de estranhamento. Começando pela introdução do organizador da antologia:

“(...) os contos são dispostos numa ordem que tem a intenção de apresentá-los sob o melhor aspecto possível – especialmente, talvez, para aquele leitor mítico que lê, seguidamente, da primeira à última página.”

E pensar que cheguei até aqui sem jamais desconfiar que eu era um “leitor mítico”! Nessa mesma introdução, outro trecho só foi fazer sentido depois que li os contos do livro:

“O assim chamado conto ‘engenhoso’, manufaturado por encomenda e outrora sinônimo daquelas revistas, não é mais encontrado em toda parte, talvez porque os leitores que os consumiam estejam agora mais felizes com a versão da TV”.

Uma das características mais marcantes dos contos de O. Henry é o uso do que depois seria chamado de “plot twist”, com desfechos inesperados. E o Prêmio O. Henry foi criado com a intenção de celebrar especificamente esse tipo de inventividade. Contudo só lembro de um único conto dentre os dezoito da antologia que se destaca pelo “plot twist” (“No Deserto”, de Patrícia Zelver). Sinal do quanto os gostos e tendências vão mudando com o passar do tempo. Afinal, O. Henry fez muito sucesso no começo do século XX, enquanto esses “Contos Premiados” datam de 1970 e 1971.

Outro estranhamento foi causado pela própria estrutura do concurso, que analisava contos publicados em inúmeras revistas nos Estados Unidos. Por essa época aqui no Brasil também era comum ver contos publicados em revistas, e chegamos a ter a fabulosa revista “Ficção – histórias para o prazer da leitura”. O estranhamento tem um motivo óbvio: o que aconteceu com essas revistas que publicavam contos? Foram suplantadas pela TV e depois pela Internet? O seu desaparecimento sinaliza que as pessoas estão lendo menos revistas impressas, lendo menos contos ou simplesmente lendo menos?

Quanto à leitura dos “Contos Premiados”, achei todos bem escritos, mas mostrando bem como são produtos de seu espaço-tempo (Estados Unidos no início da década de 1970). Não reconheci nenhum dos nomes dos autores premiados. E achei a tradução bem burocrática, para não dizer desatenta, o que não ajudou na boa fruição das histórias. Ainda assim, guardei da leitura essas belas tiradas:

“Se não se importa de ser amado (...) como se incomodaria de ser um fardo?” (“A Vitória”, de Anne Tyler)

“Se não fosse grande, estava seguindo o caminho da grandeza, que é o mesmo que o do desastre”. (“A Destruição do Goetheano”, de James Salter)

“(...) se minha avó me estivesse vendo, se me chamasse com aquela voz de fundo de garrafa (todas as mulheres falavam assim com seus filhos?): O que está fazendo aí? O que está olhando?... sempre suspeitando de algo que pudesse me agradar e não a ela...” (“A Lagartixa”, de Elaine Gottlieb)

“Ele tem olhos avermelhados, juntas dos dedos peludas e quando toca a gente, suas mãos são destras e desdenhosas, como um açougueiro manuseando carne. Por que deve um homem tão carente de empatia tornar-se médico? Dinheiro, mais do que provável, e status.” (“Nas Florestas de Riga as Feras São Realmente Selvagens”, de Margery Finn Brown)


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– CURA POÉTICA 2 –

 

Inscrições abertas

Premiação de R$ 500,00 para o melhor poema

https://www.verlidelas.com/cura-poética-2

 

Organizada por Fabio Shiva e Sergio Carmach, esta antologia será a quarta da série “Delirium Liricus”, que compara cada poesia a uma pílula, classificando-as como remédios (quando mais otimistas), venenos (quando mais pessimistas) e placebos (quando feitas para divertir, encantar).

 

Sendo a poesia uma ótima forma de se curar feridas da alma, a antologia “Cura Poética 2” é mais uma oportunidade para os poetas extravasarem o que trazem dentro de si nessa longa época de incertezas em que vivemos. Componha sua poesia - seja ela um remédio, um veneno ou um placebo - e nos envie.

 

Confira o edital:

https://www.verlidelas.com/cura-poética-2

 

Teaser:

https://youtu.be/mJlL7Eqa__M


 



quinta-feira, 23 de setembro de 2021

O CERCO (EL ACOSO) – Alejo Carpentier


 

Cada livro que lemos é uma página na história de nossa própria vida. E os livros conversam entre si, sussurrando sonhos, segredos e promessas. Esses são os motes de um livro que venho compondo já há muitos meses, de forma lenta e metódica, colecionando sincronicidades entre as muitas leituras que compulsivamente faço.

E em nenhuma outra leitura encontrei sincronicidades tão gritantes quanto nas 90 páginas desse aflitivo romance de Alejo Carpentier. Vou citar apenas as duas primeiras, ambas presentes na frase de abertura de “O Cerco”:

“Sinfonia Eroica, composta per festeggiare il souvvenire di um grand’Uomo, e dedicata a Sua Alteza Serenissima il Principe di Lobkowitz, da Luigi Van Beethoven, op. 53, Nº III dele Sinfonie...”


Primeira sincronicidade: a frase está escrita em italiano, sendo que minha leitura imediatamente anterior foi justamente “La Verità su Bébé Donge”, edição italiana de um livro de Georges Simenon. Assim como é um pouco estranho um brasileiro ler a tradução italiana de um romance francês, igualmente inesperado é que a edição brasileira de um romance cubano inicie precisamente com uma frase em italiano!

Mas as coincidências estão só começando, pois a tal frase em italiano está falando da “Sinfonia Eroica”, a Sinfonia Nº 3 de Beethoven, que ele dedicou a Napoleão. Pois essa sinfonia, que para meu grande espanto permeia toda a trama de “O Cerco”, foi a trilha sonora de meu primeiro romance, “O Sincronicídio” (https://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA), para o qual justamente agora estou preparando uma versão digital, oito anos após o lançamento do livro físico. Preciso mencionar ainda o fantástico livro “A Sinfonia Napoleão”, de Anthony Burgess, que faz uma transposição literária da Terceira Sinfonia de Beethoven ao contar a vida de Napoleão, o que cria (em minha mente, ao menos) uma misteriosa conexão entre esses três livros, o de Carpentier, o de Burgess e o meu próprio.


 

Claro que o valor da leitura de “O Cerco” não se limita ao tanto de sincronicidades que encontrei. A narrativa é fragmentária, desafiando o leitor a ir juntando os pedaços na elucidação da trama. Um jogo literário delicioso, mas que periga fatigar mentes que só buscam na literatura uma fuga confortável para os rigores da realidade. Tanto que chega a ser comovente o apelo da Editora Global no prefácio, para que os leitores insistam na leitura, que vale a pena, assim como a afirmação de orgulho editorial ao publicar tal obra.

Publicado em 1956, “El Acoso” retrata de forma asfixiante a odisseia de um universitário cubano que ingressa no movimento revolucionário, comete crimes em nome da revolução, decepciona-se com seus ideais, é preso e torturado, entrega seus companheiros e então passa a fugir tanto da polícia quanto dos revolucionários. Não estou cometendo nenhum spoiler nesse resuminho, pois o deleite do livro está na forma como essa história é contada, com muita sutileza e estimulando a argúcia do leitor.

Foi uma leitura que por si só me impactou muito, e me fez renovar algumas convicções muito arraigadas, que de forma bem sucinta exponho aqui: o grande mal de nossa sociedade humana é ter a competição como valor supremo. O capitalismo é um modo de funcionamento da sociedade que nasce diretamente dessa crença de que precisamos competir todos contra todos, e que ser melhor que os outros é a única maneira de ser feliz nesse mundo. Em sua origem, a ideia do comunismo nasce como uma reação aos males do capitalismo e expressa a essência do pensamento cristão: “Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo” (Lucas 3:11). Contudo, ao ser colocado na prática por mentes impregnadas do senso de competição, o comunismo acabou se tornando apenas uma versão negativada do capitalismo, com a mesmíssima exploração do homem pelo homem. Para construir uma sociedade mais digna e feliz, precisamos substituir o conceito de competição pela ideia de cooperação.

O assunto é complexo e segue de forma tão condensada porque eu precisava falar de tanta coisa rica nessa resenha de um livro tão fininho e tão poderoso! Que em determinado momento da leitura me fez pensar: “Rapaz, estou aprendendo e refletindo tanto com esse livro, em meio a tantas sincronicidades, que alguma mensagem importante vai chegar por meio dele.” Dez minutos depois, tive a epifania: aquele livro que eu estava compondo há tantos meses encontrou a ideia central que lhe faltava e tudo se encaixou em seus lugares certos. Agora é só botar no papel.



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 O SINCRONICÍDIO – Fabio Shiva

 “E foi assim que descobri que a inocência é como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”

Haverá um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia de Homicídios, está marcado para morrer.

“Era para sermos centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”

Suspense, erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo. Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo (clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações. Um romance de muitas possibilidades.

Leia e descubra porque O Sincronicídio não para de surpreender o leitor.

 
Livro físico:

https://caligo.lojaintegrada.com.br/o-sincronicidio-fabio-shiva

 
Book trailer:

http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA


 


 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

A OUTRA FACE DE MIM – Dan Gomez

 


Tive a felicidade e a honra de participar do processo editorial dessa bela obra, por isso em minha resenha quero falar um pouco das percepções que tive a partir desse privilegiado ponto de vista.

Começando pelo próprio autor: Dan Gomez é um artista, no sentido mais elevado dessa palavra, conforme definida por Ezra Pound quando disse que “o artista é a antena da raça”. Ocupado em captar e transmitir a Beleza por trás dos amores e dores do mundo, seu olhar reflete um brilho distante e esquivo, como se o poeta não tivesse tempo nem disposição para se deter nas mesquinharias da vida. Dan Gomez é uma alma leve e perfumada, o que sentimos como evidência intuitiva ao ouvir uma de suas luminosas canções, que parecem feitas sob medida para a voz doce de menino, que embala a gente em sonhos de dias e mundos melhores.

Pois Dan Gomez primeiro trilhou os caminhos da Arte como músico, e “A Outra Face de Mim” é justamente o Dan Poeta, profundamente interessado na vida, nas infinitas nuances do amor sensual, no sublime chamado da Poesia, na libertação de si e de seu povo. Multicoloridas facetas tem essa face, como bem expressa Ana Luzia Batista Almeida em seu lírico prefácio:

“Para lermos a obra de Dan Gomez, precisamos, de modo reverente e com cuidado de quem guarda nuvens, sentir cheiros, ouvir murmúrios, enxergar súplicas, estremecer com o riso das palavras. Delas saber, apenas, o pouco que nos cabe. Impossível decifrar a sua face invisível, o seu recanto místico. Afinal, a poesia insiste, solerte, nessa matéria universal de impermanências. Despidos, então, de qualquer pretensão de desvendar o insondável, poderemos, sim, leitores que somos, comungar a vida em dueto de temporais e calmarias na escritura poética de ‘A Outra Face de Mim’.”

Gratidão pela Poesia de Dan Gomez, o “poeta dos pés de tangerina”, como ele descobre em um de seus lindos poemas:

“BAGUNÇA


Eu percorri tantas fontes

Vazava luz sobre a minha pele

E a mão do mundo me acolheu.

 

Arrepio calculado

Que me permite contratempo.

 

A teia não sufoca a aranha

Nem arranha os velhos telhados opacos.

 

Águas de mágoas não lavam

Nem abrem constelações

Criam infinitas crostas de desilusões.

 

Fito o horizonte

E um monte de pensamentos me aquieta.

 

Os colibris bailam na borda das flores

Eu nem percebi

Que os meus pés cheiram a tangerina.

 

A minha sina é brisa de solidão

Quando o meu olfato não sente

O fino e delicado cheiro da tua pele.

 

E as borboletas sopram o teu corpo

Com o leque colorido de suas asas.”



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– CURA POÉTICA 2 –

 

Inscrições abertas

Premiação de R$ 500,00 para o melhor poema

https://www.verlidelas.com/cura-poética-2

 

Organizada por Fabio Shiva e Sergio Carmach, esta antologia será a quarta da série “Delirium Liricus”, que compara cada poesia a uma pílula, classificando-as como remédios (quando mais otimistas), venenos (quando mais pessimistas) e placebos (quando feitas para divertir, encantar).

 

Sendo a poesia uma ótima forma de se curar feridas da alma, a antologia “Cura Poética 2” é mais uma oportunidade para os poetas extravasarem o que trazem dentro de si nessa longa época de incertezas em que vivemos. Componha sua poesia - seja ela um remédio, um veneno ou um placebo - e nos envie.

 

Confira o edital:

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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

O CHAMADO DE CTHULHU E OUTROS CONTOS – H. P. Lovecraft

 


Tem gente que ama, tem gente que odeia, mas dificilmente alguém fica indiferente às histórias de Lovecraft. Fazia mais de 20 anos que eu não lia algo dele. A primeira e extasiada leitura foi de “Um Sussurro nas Trevas e outras histórias”, feita ainda na adolescência, quando eu estava me iniciando no universo literário do terror. Lembro de ter gostado de Lovecraft, mas num grau bem inferior que Edgar Allan Poe, para mim então e agora o clássico imbatível.


Com o passar dos anos fui lendo uma antologia aqui, uma novela ali, com destaque para o conto “Ar Frio”, que vi primeiro na espetacular adaptação para os quadrinhos feita por Bernie Wrightson, que me fez achar Lovecraft muito bom. E por fim essa (re)leitura de “O Chamado de Cthulhu”, motivada talvez por outra citação dos quadrinhos, a ótima série metalinguística “Black Hammer”, que traz uma bela referência a Lovecraft com a personagem Cthu-Louise, uma garotinha americana como qualquer outra, com a diferença de ter a cabeça no formato do monstro cósmico de Lovecraft, além de poderes oriundos das trevas supradimensionais...



Enfim, após essa nova leitura, continuo achando divertida a imaginação delirante e frequentemente doentia de Howard Phillips Lovecraft. Também foi muito marcante a tecla que ele não cansa de martelar em suas histórias, sempre se referindo a um horror além da possibilidade de expressão por meio da linguagem humana:

“Há horrores que extrapolam o horror, e aquele momento pertencia aos núcleos de pavor onírico que o cosmos reserva quando quer acabar com alguns infelizes.” (A Casa Abandonada)

“A cor, que se assemelhava aos feixes no estranho espectro do meteoro, era quase impossível de ser descrita; e foi apenas por analogia que eles a chamaram de cor.”

(...)

“Não se avistavam cores sãs, exceto pela relva e folhagem verdes, mas por toda parte estavam as variantes febris e prismáticas de alguma tonalidade primária doentia que não encontrava lugar entre as cores conhecidas da terra.” (A Cor Que Caiu Do Céu)

“Sugerir a pessoas destituídas de imaginação um horror além de qualquer concepção humana...” (O Horror Em Red Hook)

“Mas dizer alguma coisa precisa sobre aquela superfície, ou sobre o formato geral da massa toda, quase desafia o poder da linguagem.” (Sussurros Na Escuridão)

Penso que essa agoniada repetição do tema “um horror tão terrível que não pode ser descrito com palavras” reflete o paradoxo crucial das histórias de terror: o monstro só é assustador quando está oculto nas trevas. Ao ser trazido para a luz do conhecimento, o monstro pode até continuar sendo feio, perigoso e mau, mas perde muito de seu poder de assustar, justamente porque enxergamos toda a sua fraqueza inerente. Foi mais ou menos isso o que, creio, Arthur Conan Doyle quis dizer pela boca de sua imortal criação, o detetive Sherlock Holmes:

“Onde não há imaginação, não há horror.”

Ensinamento que encontrou sua expressão máxima na fala do grande sábio indiano Swami Sri Yukteswar:

“Encare o seu medo de frente, e ele deixará de perturbar você.”

Voltando a Lovecraft, encerro com essas interessantes informações extraídas da apresentação feita pela Editora Pandorga:

“Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo.”

“O princípio literário orientador de Lovecraft foi o que ele chamou de ‘cosmicismo’ ou ‘horror cósmico’: a ideia de que a vida é incompreensível para as mentes humanas e que o universo é fundamentalmente estranho.”

“É particularmente essa tensão entre o científico estéril de Lovecraft e a imaginação mística - cuja relação contraditória sempre reconheceu e apreciou - que a crítica entende ser a fonte do caráter altamente original de seu trabalho.”

“S. T. Joshi estima que Lovecraft tenha escrito cerca de 87.500 cartas, de 1912 até sua morte em 1937, incluindo uma carta de 70 páginas, de 9 de novembro de 1929, para Woodburn Harris.”

“Nessas cartas, Lovecraft discutia uma gama enciclopédica de assuntos em ensaios extensos e profundos; ali ele também ventilava suas obsessões ao longo da vida, em especial seu amor ao passado e à verdade científica, e sua aversão ao mundo moderno e a todos os povos que não eram do fluxo cultural anglo-nórdico.”

“Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefatos das histórias de terror: o Necronomicon, um livro fictício de invocação de demônios escrito pelo também fictício Abdul Alhazred. Até hoje é popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de várias edições falsas do Necronomicon e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando sua origem e percurso histórico.”

“A reação crítica ao trabalho de Lovecraft mostra uma diversidade incomum, desde ataques exasperados dos que tomam sua obra como os desvarios pueris de um incompetente artístico e intelectual até as celebrações de Lovecraft como um dos maiores escritores e pensadores da era moderna.”



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FAVELA GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Durante esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais luminoso e solidário.

 

O livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo das Trevas para a Luz.

 

A versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o PDF de todo o livro.

 

Fique à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.

 

Leia ou baixe todo o livro no link abaixo:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Link do livro no SKOOB:

https://www.skoob.com.br/livro/840734ED845858

 

Book trailer

https://youtu.be/FjoydccxJGA


 

Entrevista sobre o livro na FM Cultura

https://youtu.be/IuZBWIBYeHE



 

 

 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

LA VERITÀ SU BÉBÉ DONGE – Georges Simenon

 


Tempos atrás, descobri esse livro na prateleira do P.U.L.A. (Passe Um Livro Adiante), nosso projeto de doação e troca de livros que ficou sediado de 2016 a 2020 na Casa da Música, no Abaeté (Salvador-BA). Levei o livro para casa feliz da vida, mais do que desejoso de lê-lo antes de passá-lo adiante, pois Simenon é um de meus autores favoritos. A edição em outro idioma não me desestimulou: a princípio, julguei que o livro estava no original em francês, língua na qual já me aventurei de forma autodidata, tendo lido já uma meia dúzia de três ou quatro livros. Contudo um olhar mais atento me revelou que o que eu tinha em mãos, na verdade, era uma versão italiana do livro!

E esse foi o meu primeiro aprendizado com essa leitura, a respeito da similaridade entre o francês (La Vérité sur Bébé Donge) e o italiano (La Verità su Bébé Donge), que em tradução literal para o português seria “A Verdade sobre Bebê Donge”. Não consegui descobrir se esse livro foi lançado em português, mas achei uma versão em espanhol com o apelativo título de “La Verdad sobre Mi Mujer”.

Apelativo, mas certeiro. Pois apesar da narração em 3ª pessoa, a trama se concentra exclusivamente no ponto de vista de François Donge, que só começa a realmente conhecer a “verdade” sobre sua esposa depois que ela tenta assassiná-lo com uma dose de arsênico no café. E à medida em que vai sendo revelada a “verdade” complementar sobre o próprio François, como um marido infiel e distante, não pude deixar de cogitar sobre o quanto essa obra tem de elementos biográficos de seu autor, Georges Simenon.

Há uma anedota bastante conhecida a respeito de Simenon, segundo a qual certa vez ele se gabou numa entrevista de ter feito sexo com mais de dez mil mulheres. Consultada a respeito, sua esposa retrucou: “Mentira dele, foram no máximo duas mil e quinhentas.”

(E aqui cabe um parêntese a respeito de algo que muito me intriga, que é essa aparente necessidade que Simenon tinha de falsear e exagerar sua própria vida: especialistas apontam inúmeras incorreções dessa natureza na autobiografia dele. O que não consigo entender é como um escritor tão talentoso, que revela uma compreensão muito profunda da natureza humana em seus textos, padecesse de tamanha insegurança.)

Voltando à trama do livro, aqui não aparece o célebre comissário Jules Maigret, mas um de seus auxilares, o inspetor Janvier, faz uma discreta participação.

E voltando à questão de ler em italiano, acabei só me motivando mesmo ao encontrar uma edição italiana de um livro de Dennis Lehane, outro de meus autores favoritos, na Mansão dos Livros, outro projeto de doação e troca de livros que funciona aqui em Itapuã, perto do Rumo do Vento. Não quis começar pelo Lehane, cuja prosa acho complexa em qualquer idioma, mas iniciei com o excelente “O Oficial e o Espião”, do Robert Harris (http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2021/04/o-oficial-e-o-espiao-robert-harris.html).

Compartilho aqui a técnica que utilizei para ler em outro idioma, que me foi ensinada por minha maravilhosa professora de inglês, tia Miriam: leia tentando entender o contexto geral, sem se prender a palavras isoladas e evitando consultar o dicionário. Essa técnica me ajudou muito a ler em inglês (que hoje leio e entendo com facilidade), em espanhol, em francês e, agora, em italiano. Recomendo!

Sobre o aprendizado específico do italiano, achei curioso encontrar algumas palavras mais próximas do inglês que de nosso português, como foi o caso de palavras como “geloso”, que está mais próximo do inglês “jealous” que do português “ciumento”, bem como de “ombrellone”, “guarda-sol”, que lembra bastante o inglês “umbrella”.

Como já deve ter dado para perceber, amo aprender novos idiomas! Penso que a diversidade de línguas, assim como a diversidade de costumes e culturas, expressa diferenças específicas que só realçam o todo formado pela humanidade. Cada língua espelha uma visão diferente do todo, e é muito lindo estudar e aprender com essas nuances.

Quanto ao meu exemplar de “La Verità su Bébé Donge”, já deixei no Cantinho dos Livros, outro espaço de doação e troca de livros em funcionamento em Itapuã, no segundo andar do Mercado Municipal. Que belezura ver tantos espaços de incentivo à leitura florescendo em meu bairro!


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FAVELA GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Durante esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais luminoso e solidário.

 

O livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo das Trevas para a Luz.

 

A versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o PDF de todo o livro.

 

Fique à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.

 

Leia ou baixe todo o livro no link abaixo:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Link do livro no SKOOB:

https://www.skoob.com.br/livro/840734ED845858

 

Book trailer

https://youtu.be/FjoydccxJGA


 

Entrevista sobre o livro na FM Cultura

https://youtu.be/IuZBWIBYeHE


 

 

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