domingo, 19 de maio de 2019

TRABALHOS DE AMOR PERDIDOS - William Shakespeare



Já fazia um bom tempo que eu não visitava o templo de alguma obra de Master Shakespeare. Foi uma linda alegria ler “Trabalhos de Amor Perdidos”, um de seus primeiros textos, que certamente traz a impetuosidade e a exuberância da juventude, aqui expressas em vertiginosos duelos verbais.

Gostei muito da tradução de Beatriz Viégas-Faria, mas não pude deixar de imaginar (como não poderia deixar de ser, em se tratando de Shakespeare) como seriam aqueles espertos e maliciosos jogos de palavras no original...

Um choque e tanto foi ler, em meio a tantas piadas, uma série de chistes profundamente racistas, que teriam feito rolar de rir ao Bozo e aos seus asseclas... caso eles não considerassem Shakespeare coisa de gay, mulherzinha e comunista!


Eu mesmo fiquei profundamente chocado comigo ao acolher esse pensamento, afinal me parece uma heresia citar o Bozo em uma resenha do grandioso Bardo. Contudo, logo após nutrir esse pensamento infame, eis que me deparo com a MELHOR explicação que já vi para o bizarro fenômeno dos Bozominions:

“Ninguém fica tão completamente preso, quando capturado, quanto o inteligente que ficou bobo. A tolice que foi ovo chocado pela sabedoria pensa que tem todas as garantias do bom senso e todo o auxílio do que aprendeu na escola, mais as benesses da própria Inteligência para beneficiar um bobalhão letrado.
(...)
A tolice nos bobos nunca é tão censurada quanto a palermice nos inteligentes. Isso porque a sapiência fica babando, uma vez que todas as capacidades mentais dali em diante serão aplicadas a provar, pelo raciocínio, que há valor na basbaquice.”

Esse texto de 1597 nos demonstra cabalmente duas coisas:
1) O profundo conhecimento de Shakespeare sobre a natureza humana.
2) O quão pouco evoluímos, de fato, desde os tempos de Shakespeare.


William Shakespeare, para mim, é quase como uma religião. Por isso, para não ter que repetir tudo o que acho obrigatório dizer sobre esse grande Avatar da Literatura, seguem os links das resenhas que fiz sobre suas obras (que reli agora para meu próprio deleite):

HAMLET
RICARDO II
HENRIQUE IV (parte I)
HENRIQUE IV (parte II)
HENRIQUE V
HENRIQUE VI (parte I)
HENRIQUE VI (parte II)
HENRIQUE VI (parte III)
RICARDO III
HENRIQUE VIII
VIDA E MORTE DO REI JOÃO
JÚLIO CÉSAR
MUITO BARULHO POR NADA
ROMEU E JULIETA
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
MACBETH
TEATRO COMPLETO – DRAMAS HISTÓRICOS


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Agora disponível gratuitamente no Wattpad, LABIRINTO CIRCULAR / ISSO TUDO É MUITO RARO é um livro duplo de contos estruturados como seis pares de “opostos espelhados”. São ao todo doze histórias que têm como fio condutor a polarização entre o Olhar e a Consciência (representados nas capas do livro como as pupilas sobrepostas e o cérebro, respectivamente) e que abordam, cada uma a seu modo, alguns dos antagonismos essenciais: Amor e Morte, Cotidiano e Fantástico, Concreto e Absurdo. Um exercício literário para mentes inquietas e questionadoras.

LABIRINTO CIRCULAR

ISSO TUDO É MUITO RARO

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